10 adaptações literárias imperdíveis

A literatura sempre foi uma grande fonte de inspiração para o cinema.

É incontável o número de bons filmes adaptados de obras da literatura.

Nesta semana, estreiam na Lumine três filmes que exploram a relação entre o cinema e a literatura.

Madame Bovary, Jean Renoir, produzido em 1934, foi a primeira adaptação para as telas do romance de Gustave Flaubert, que apresentou ao mundo uma das personagens mais marcantes da história.

Já em Macbeth, Orson Welles adapta com virtuosismo o texto imortal de William Shakespeare.

Por fim, As irmãs Brontë é uma cinebiografia de Charlotte, Anne e Emily Brontë, autoras de romances clássicos como Jane Eyre, A inquilina de Wildfell Hall e O morro dos ventos uivantes.

Aproveitando essas novidades, selecionamos mais 10 adaptações literárias disponíveis na Lumine para que a sua experiência se torne ainda mais completa. Confira abaixo!

01. O diálogo das Carmelitas (dir. Philippe Agostini, França, 1960)

Nesta adaptação da peça homônima de Georges Bernanos e do romance A última ao cadafalso, de Gertrud von Le Fort, conhecemos a história real do grupo de dezesseis carmelitas executadas em praça pública durante a Revolução Francesa.

Em meio a um período de extrema convulsão social, quando a França sofria com uma guerra civil e confrontos externos, a realidade da vida no claustro se vê ameaçada.

À medida que o espaço físico do Carmelo é invadido, mais forte se torna o chamado ao martírio para as religiosas. Os hábitos que elas vestem lhes servem de armaduras e o Carmelo é a fortaleza onde se preparam para suportar os ataques furiosos.

02. Mouchette (dir. Robert Bresson, França, 1967)

Também baseado num romance de Bernanos, Mouchette é a história de uma jovem que sofre muitos infortúnios.

Filha de um pai alcoólatra e de uma mãe doente, incapaz de adequar-se à escola ou ao trabalho, desde cedo ela conhece a face mais hostil do mundo.

Para retratar o cotidiano sufocante da personagem, o cineasta Robert Bresson utiliza poucos diálogos e os contrapõe à presença constante de gestos violentos. Este é um filme brutal, cuja sucessão de empurrões, tapas e tiros forma o mosaico de uma realidade na qual o Mal, após conseguir se alastrar, parece querer se exibir.

Um elemento, porém, atravessa o filme e parece sugerir, com a sua presença sutil ou marcante, que toda a crueldade a que assistimos pode ser transitória.

A todo instante a água aparece, como se aos poucos se infiltrasse naquele mundo para transformá-lo, seja por meio da pia da Igreja ou do restaurante, pela chuva ou pelo rio. Há água também no rosto de Mouchette: as lágrimas que constantemente o encharcam e que deverão ser lembradas, uma a uma, pois ela não terá sofrido em vão.

Diante da falta quase completa de esperança, o filme nos convida a preencher com a nossa compaixão as lacunas deixadas pela ausência dos bons sentimentos.

03. O Leopardo (dir. Luchino Visconti, Itália, 1963)

O Leopardo é a adaptação do romance homônimo de Giuseppe di Lampedusa, que retrata o fim de uma era de aristocratas da Sicília, em meio às transformações sociais envolvendo as guerras de unificação da Itália.

Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, e selecionado para a lista de 45 filmes indicados pelo Vaticano, o filme marcou a história do cinema pela atenção aos detalhes nas reconstituições suntuosas de rituais, como missas e bailes.

Porém, em meio a toda exuberância estética, a obra não deixa de lado o aspecto humano do que observa, tornando-se também uma profunda reflexão sobre a morte e a passagem do tempo.

04. O perigoso adeus (dir. Robert Altman, Estados Unidos, 1973)

O perigoso adeus é um clássico do cinema dos anos 1970 e uma adaptação do romance de Raymond Chandler, um dos maiores escritores de histórias policiais.

Em um mundo corrompido, mergulhado em violência e traições, o detetive Philip Marlowe busca manter seus princípios éticos durante investigações tortuosas. A certa altura, ouve alguém dizer que já não há quem se importe com as barbaridades cometidas a todo instante. Todo o esforço do detetive está em ser a exceção à regra.

Único a ter sempre um cigarro, ele parece pertencer a outros tempos. Diante de quem cruza seu caminho, assume uma postura irônica, blinda-se com respostas afiadas.

Marlowe está no mundo, porém afastado dele, deslizando sem querer ser notado, mas enxergando aquilo que muitos deixariam passar sem perceber.

05. Trono Manchado de Sangue (dir. Akira Kurosawa, 1953, Japão)

Considerado pelo crítico literário americano Harold Bloom como a mais bem sucedida adaptação cinematográfica de Macbeth, este filme de Akira Kurosawa transpõe para o Japão feudal a peça de William Shakespeare.

No filme, assistimos à tragédia daqueles que se acreditam capazes de ditar os rumos do destino, mas acabam devorados pelas próprias ações.

Para representar esse drama, o cineasta utiliza a natureza como metáfora. Um exemplo é a cena em que, após escutar profecias sobre seus destinos, os personagens cavalgam pela névoa sem nada enxergar, como se permanecessem cegos à realidade e às consequências de seus atos.

06. A revolução dos bichos (dir. Joy Batchelor, 1954, Inglaterra)

Ao publicar A revolução dos bichos, em 1945, o escritor inglês George Orwell ofereceu ao mundo uma ácida alegoria sobre os regimes políticos totalitários. Esta adaptação para o cinema, em forma de animação, preserva o conteúdo do texto, dando-lhe uma forma lúdica, sem perder a mordacidade.

Após rebelarem-se contra os abusos do dono da fazenda, os animais implementam um regime próprio, motivados pela possibilidade de viverem em condições melhores. Com o passar do tempo, o que se vê, no entanto, é a completa degeneração das promessas iniciais e o retorno da opressão de antes, em novas formas.

Não é um desenho para crianças. O filme é claro na descrição das opressões e das violências cometidas durante esta fábula demasiadamente humana e sempre atual.

07. A festa de Babette (dir. Gabriel Axel, Dinamarca, 1987)

Adaptado de um conto de Karen Blixen, A festa de Babette conta a história de uma cozinheira francesa que se refugia num vilarejo remoto na Dinamarca, no século XIX.

Anos depois, Babette recebe a notícia de que foi vencedora de uma loteria em Paris. Mas ela decide continuar no vilarejo e utilizar o dinheiro para realizar um jantar inesquecível para as pessoas que a acolheram quando ela mais precisou.

Dos fornos simples de uma aldeia afastada de tudo sai um jantar aristocrático.

Babette transforma a culinária em verdadeira arte. Além disso, a sua história é um exemplo de um verdadeiro sacrifício. Ela cozinha com o corpo e com a alma e sempre se coloca à disposição dos que precisam de seus serviços.  

08. O Processo (dir. Orson Welles, Itália/França, 1962)

Numa manhã, após descobrir que é acusado de um crime sem saber o motivo, Josef K. mergulha num universo em que o absurdo parece ser a regra.

Atravessando ambientes grandiosos, imensos galpões alternadamente cheios e vazios (mas sempre opressores), ele se depara com surpresas atrás de cada porta.

Nesta adaptação do romance de Franz Kafka, Orson Welles fabrica uma atmosfera imprevisível e intensa, materializando no artesanato de sua obra os labirintos em que a mente do personagem se perde.

Tal como o livro em que se baseia, O Processo é um retrato surreal, mas também muito verdadeiro, da luta do indivíduo contra as estruturas sociais que tentam aprisiona-lo. Um pesadelo imersivo e alucinante.

09. Uma janela para o amor (dir. James Ivory, Inglaterra, 1985)

Unindo romance, comédia e drama, Uma janela para o amor é a adaptação do livro homônimo do britânico E. M. Forster.

Neste célebre filme, vencedor de 3 Oscar, uma jovem de família aristocrática se apaixona por um rapaz de espírito livre que ela conhece numa viagem à Florença.

De volta à sua cidade natal, na Inglaterra, Lucy deverá decidir se segue os planos feitos de sua família ou se se deixa guiar pela paixão recém-descoberta.

Em Uma janela para o amor, as paisagens italianas contrastam com o mundo de convenções e regras estritas em que as personagens encontram-se inseridas.

Aos poucos, todos parecem ser invadidos por sentimentos que se encontravam adormecidos, e que poderão alterar definitivamente o rumo de suas vidas.

10. Noites brancas (dir. Luchino Visconti, Itália, 1957)

Esta adaptação da novela de Fiódor Dostoiévski fala da paixão repentina de um homem solitário por uma estranha que ele encontra por acaso nas ruas da cidade.

O casal vive belos momentos juntos. Ele projeta um futuro para os dois, sem saber que a jovem aguarda o retorno do homem por quem é verdadeiramente apaixonada.

Noites brancas foi todo filmado em estúdios de cinema, sem locações reais. Por isso há um artificialismo nos cenários que combina com a história que é contada.

A aparência fantasiosa da cidade em que a história acontece colabora para a atmosfera de sonho que envolve as ilusões do protagonista.

Essas e outras adaptações literárias você encontra na Lumine!

Assine agora e tenha acesso a centenas de conteúdos inspiradores.

Leia também