Todos os dias, em todas as missas lemos um trecho do Evangelho. Não estamos autorizados a pensar que esses trechos são lidos em vão e que não tem conexão com a vida da Igreja. No dia em que nosso querido Papa Francisco faleceu, não foi diferente. Nada é por acaso na Igreja de Cristo.
Lemos no evangelho do dia um dos trechos da Bíblia mais marcados pela esperança. É o trecho em que as mulheres seguidoras de Jesus vão correndo avisar aos apóstolos que o sepulcro estava vazio e, no caminho, encontram Jesus que às surpreende proferindo: “Alegrai-vos! Não tenhais medo”.
Diante da perda do seu Mestre, do seu Líder, do seu Amado guia, aquelas mulheres são surpreendidas com a presença de Jesus. A morte perde seu território. Como aquela luz suave e úmida da manhã que invade um quarto fechado, trazendo aquele ar revigorante de um novo dia ensolarado, Cristo reaparece.
Segue o Evangelho contando que os líderes da época articularam uma conspiração para desfazer aquela verdade testemunhada pelas mulheres. Com dinheiro e influência eles planejam mentir e inventar uma história que supostamente iria tirar a esperança dos cristãos. Executam seu plano e 2025 anos depois estamos aqui testemunhando o opróbrio vergonhoso daquele plano.
Há no Evangelho do dia da morte do Papa Francisco, portanto, duas mensagens principais: uma conclama à Esperança, a outra atesta que iremos enfrentar dissimulações e mentiras que pretendem nos roubar essa esperança. Diante desse cenário, recebemos a notícia da morte do Papa Francisco que nos posiciona na encruzilhada destas duas situações. Somos chamados a ter Esperança, no mesmo momento em que somos tentados a não tê-la. O Papa faleceu no primeiro dia de Páscoa – quando as mulheres testemunharam o túmulo vazio – e algumas horas depois de ter feito a benção Urbi et Orbi, a mesma benção que ele proferiu sozinho na Praça de São Pedro durante a pandemia.
O Papa Francisco é um Papa que morre marcando a Igreja com a mensagem de esperança. Não só por ter uma morte assim tão providencial, na Páscoa, e marcada por tantos sinais da graça.
Ele assumiu o trono após a renúncia sem precedentes de Bento XVI, um momento único que colocou muitos cristãos em estado de suspensão. Começava ali um tempo inédito na história recente da Igreja, em que um Papa em exercício sucedia outro ainda vivo. E nesse cenário delicado, ele entrou em cena como quem sabe que o dom do ministério petrino não é fruto de ambição, mas de obediência. Chegou como quem caminha, como quem acompanha, como quem estende a mão.
Foi o Papa da pandemia. O Papa de uma Praça de São Pedro vazia, onde o silêncio gritava mais alto que qualquer multidão previamente ali presente. O Papa de um crucifixo molhado de chuva, do olhar cansado, da voz rouca, mas firme. Mancando e caminhando. Nos marcou naquele momento com uma esperança que não vinha do conforto, mas da persistência e fidelidade de um homem só. Francisco se tornou, ali, o pai que se recusa a abandonar os filhos, mesmo quando não há mais nada a dizer.
Foi ele também quem esteve conosco quando Bento XVI partiu. A cena de Francisco rezando junto ao corpo de seu antecessor foi mais do que um gesto de respeito. Foi um símbolo da continuidade que sustenta a Igreja. Não uma continuidade burocrática, mas a continuidade dos que sabem que a graça não se interrompe com a morte.
Promulgou a juventude e a simplicidade. Preferia os gestos aos decretos, os encontros aos discursos. Escolheu morar na Casa Santa Marta, dispensando os apartamentos pontifícios. Carregava sua pasta. Ligava para quem precisava. Estava menos preocupado com o peso simbólico do cargo do que com o real peso das cruzes alheias. E foi assim que evangelizou: na leveza de um sorriso, na firmeza de um gesto de acolhida.
No ano de sua morte, deixou promulgado o Jubileu da Esperança. Como quem sabe que a esperança precisa de um marco especial para esse momento da Igreja. Ele certamente nos chamou a isso. Em tempos de incerteza, em que vozes se levantam dentro da própria Igreja proclamando o medo, a incerteza, o sectarismo é preciso recordar que a esperança é uma virtude. Uma virtude que vem sempre acompanhada da alegria, da simplicidade e da leveza. E que ela se opõe frontalmente ao escrúpulo e ao desespero. Muitos, sob a roupagem da tradição, pregam um catolicismo do pânico, onde cada gesto pastoral é interpretado como sinal do anticristo e cada dificuldade como prova do apocalipse. Mas não foi isso que Francisco nos ensinou. Não há santidade onde reina o medo, e não há fidelidade onde falta a esperança.
E agora nos cabe viver o que ele nos ensinou. Porque o tempo da esperança é este. Apesar da adversidade, agora é o momento de vivermos a herança que o Papa nos deixou. Tal como aquelas mulheres que visitaram o sepulcro, Deus não nos livra da tristeza, mas nos oferece – através dela – as marcas da esperança.
Todos os dias, em todas as missas lemos um trecho do Evangelho. Não estamos autorizados a pensar que esses trechos são lidos em vão e que não tem conexão com a vida da Igreja. No dia em que nosso querido Papa Francisco faleceu, não foi diferente. Nada é por acaso na Igreja de Cristo.
Lemos no evangelho do dia um dos trechos da Bíblia mais marcados pela esperança. É o trecho em que as mulheres seguidoras de Jesus vão correndo avisar aos apóstolos que o sepulcro estava vazio e, no caminho, encontram Jesus que às surpreende proferindo: “Alegrai-vos! Não tenhais medo”.
Diante da perda do seu Mestre, do seu Líder, do seu Amado guia, aquelas mulheres são surpreendidas com a presença de Jesus. A morte perde seu território. Como aquela luz suave e úmida da manhã que invade um quarto fechado, trazendo aquele ar revigorante de um novo dia ensolarado, Cristo reaparece.
Segue o Evangelho contando que os líderes da época articularam uma conspiração para desfazer aquela verdade testemunhada pelas mulheres. Com dinheiro e influência eles planejam mentir e inventar uma história que supostamente iria tirar a esperança dos cristãos. Executam seu plano e 2025 anos depois estamos aqui testemunhando o opróbrio vergonhoso daquele plano.
Há no Evangelho do dia da morte do Papa Francisco, portanto, duas mensagens principais: uma conclama à Esperança, a outra atesta que iremos enfrentar dissimulações e mentiras que pretendem nos roubar essa esperança. Diante desse cenário, recebemos a notícia da morte do Papa Francisco que nos posiciona na encruzilhada destas duas situações. Somos chamados a ter Esperança, no mesmo momento em que somos tentados a não tê-la. O Papa faleceu no primeiro dia de Páscoa – quando as mulheres testemunharam o túmulo vazio – e algumas horas depois de ter feito a benção Urbi et Orbi, a mesma benção que ele proferiu sozinho na Praça de São Pedro durante a pandemia.
O Papa Francisco é um Papa que morre marcando a Igreja com a mensagem de esperança. Não só por ter uma morte assim tão providencial, na Páscoa, e marcada por tantos sinais da graça.
Ele assumiu o trono após a renúncia sem precedentes de Bento XVI, um momento único que colocou muitos cristãos em estado de suspensão. Começava ali um tempo inédito na história recente da Igreja, em que um Papa em exercício sucedia outro ainda vivo. E nesse cenário delicado, ele entrou em cena como quem sabe que o dom do ministério petrino não é fruto de ambição, mas de obediência. Chegou como quem caminha, como quem acompanha, como quem estende a mão.
Foi o Papa da pandemia. O Papa de uma Praça de São Pedro vazia, onde o silêncio gritava mais alto que qualquer multidão previamente ali presente. O Papa de um crucifixo molhado de chuva, do olhar cansado, da voz rouca, mas firme. Mancando e caminhando. Nos marcou naquele momento com uma esperança que não vinha do conforto, mas da persistência e fidelidade de um homem só. Francisco se tornou, ali, o pai que se recusa a abandonar os filhos, mesmo quando não há mais nada a dizer.
Foi ele também quem esteve conosco quando Bento XVI partiu. A cena de Francisco rezando junto ao corpo de seu antecessor foi mais do que um gesto de respeito. Foi um símbolo da continuidade que sustenta a Igreja. Não uma continuidade burocrática, mas a continuidade dos que sabem que a graça não se interrompe com a morte.
Promulgou a juventude e a simplicidade. Preferia os gestos aos decretos, os encontros aos discursos. Escolheu morar na Casa Santa Marta, dispensando os apartamentos pontifícios. Carregava sua pasta. Ligava para quem precisava. Estava menos preocupado com o peso simbólico do cargo do que com o real peso das cruzes alheias. E foi assim que evangelizou: na leveza de um sorriso, na firmeza de um gesto de acolhida.
No ano de sua morte, deixou promulgado o Jubileu da Esperança. Como quem sabe que a esperança precisa de um marco especial para esse momento da Igreja. Ele certamente nos chamou a isso. Em tempos de incerteza, em que vozes se levantam dentro da própria Igreja proclamando o medo, a incerteza, o sectarismo é preciso recordar que a esperança é uma virtude. Uma virtude que vem sempre acompanhada da alegria, da simplicidade e da leveza. E que ela se opõe frontalmente ao escrúpulo e ao desespero. Muitos, sob a roupagem da tradição, pregam um catolicismo do pânico, onde cada gesto pastoral é interpretado como sinal do anticristo e cada dificuldade como prova do apocalipse. Mas não foi isso que Francisco nos ensinou. Não há santidade onde reina o medo, e não há fidelidade onde falta a esperança.
E agora nos cabe viver o que ele nos ensinou. Porque o tempo da esperança é este. Apesar da adversidade, agora é o momento de vivermos a herança que o Papa nos deixou. Tal como aquelas mulheres que visitaram o sepulcro, Deus não nos livra da tristeza, mas nos oferece – através dela – as marcas da esperança.
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