Corpus Christi: o que significa, como surgiu e por que a Igreja celebra essa festa até hoje
Por Redação Lumine
|
18.jun.2025
Midle Dot

Quando pensamos em Corpus Christi, é quase inevitável que as primeiras imagens que venham à cabeça sejam as procissões pelas ruas, os tapetes de flores e serragem ou, para alguns, apenas um feriado prolongado.

Mas a verdade é que por trás de tudo isso existe uma das celebrações mais belas e profundas da tradição católica. Uma festa que atravessou séculos, surgiu em meio a debates teológicos, visões místicas e até perseguições internas na Igreja, até chegar ao formato que conhecemos hoje.

Se você já se perguntou de onde vem a festa de Corpus Christi, por que ela só surgiu na Idade Média e o que ela realmente significa, siga na leitura. No artigo, você vai encontrar respostas para entender qual a sua origem, significado e como viver essa solenidade tão central na fé católica.

O que significa Corpus Christi?

O nome vem do latim e significa “Corpo de Cristo”.

É a festa em que a Igreja proclama de forma pública e solene a sua fé na presença real de Jesus na Eucaristia: Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

Se na Quinta-feira Santa celebramos a instituição da Eucaristia num clima de recolhimento, já no contexto da Paixão de Cristo, Corpus Christi é o dia em que o mistério eucarístico ganha as ruas, com procissões, cantos e adoração. 

A ideia é simples e poderosa: se Deus está realmente presente na Hóstia consagrada, então é justo que o mundo inteiro saiba disso.

Por que Corpus Christi só apareceu no século XIII?

A Igreja sempre acreditou na presença real de Cristo na Eucaristia. Desde os primeiros séculos, os cristãos reconheciam o pão e o vinho consagrados como Corpo e Sangue de Jesus.

Mas foi na Idade Média que essa fé precisou ser reafirmada com mais força.

A partir dos séculos XI e XII, começaram a surgir heresias e questionamentos filosófico-teológicos sobre a natureza da presença de Cristo no altar. O debate não era apenas espiritual, mas também intelectual. A Escolástica, com seu método lógico-filosófico, estava em pleno desenvolvimento.

Em resposta a essas dúvidas, o IV Concílio de Latrão, em 1215, declarou de forma clara e solene a doutrina da transubstanciação: a substância do pão e do vinho se transforma realmente no Corpo e Sangue de Cristo, mesmo que as aparências permaneçam as mesmas.

Esse foi o contexto teológico que preparou o terreno para o nascimento da festa de Corpus Christi.

Santa Juliana de Liège: a mulher que sonhou com uma festa para a Eucaristia

Curiosamente, a origem imediata da festa de Corpus Christi não veio de um Papa ou de um Concílio, mas de uma mística belga: Santa Juliana de Liège, também conhecida como Juliana de Mont Cornillon.

Órfã desde cedo, Juliana foi criada por religiosas agostinianas. Por volta dos 20 anos, começou a ter visões místicas. Numa delas, viu a lua cheia com uma faixa escura atravessando sua face — uma imagem que simboliza, segundo a explicação que ela recebeu em oração, a falta de uma festa específica dedicada ao Santíssimo Sacramento.

Juliana guardou essa visão em segredo por quase vinte anos. Só depois de ser eleita priora, em 1225, começou a compartilhar o que acreditava ser um desejo de Deus para a Igreja.

Ela contou ao seu confessor, buscou o apoio de amigos influentes — entre eles o então arquidiácono de Liège, Jacques Pantaléon, participante da primeira celebração de Corpus Christi e que mais tarde se tornaria o Papa Urbano IV. 

O milagre que confirmou a festa: Bolsena-Orvieto

Enquanto Juliana promovia a ideia da festa em Liège, outro acontecimento reforçou a urgência dessa celebração.

Por volta de 1263, Pe. Pedro de Praga, sacerdote da Boêmia, que duvidava da presença real de Cristo na Eucaristia, celebrou a Missa na cidade italiana de Bolsena. Durante a consagração, a Sagrada Hóstia começou a sangrar, manchando o corporal e o altar com o preciosíssimo sangue de Cristo.

O Papa Urbano IV, que estava em Orvieto, próximo dali, ordenou que o corporal fosse levado até ele. O Papa encontrou a Procissão na entrada da cidade e, ao ver o milagre, ajoelhou-se e pronunciou as palavras Corpus Christi.  Até hoje, ele é preservado e venerado na Catedral de Orvieto.

Movido por esse milagre e pela lembrança das visões de Juliana, Urbano IV instituiu oficialmente a Solenidade de Corpus Christi para toda a Igreja, em 1264, por meio da bula Transiturus de hoc mundo

Por que fazemos procissões e tapetes de Corpus Christi?

A procissão de Corpus Christi tem um significado claro: levar Jesus ao encontro do povo.

É uma demonstração pública de fé e adoração. Não é um teatro ou um simples costume cultural: é a própria Igreja levando seu Senhor pelas ruas, abençoando casas, famílias e a cidade inteira.

No Brasil, a tradição dos tapetes de Corpus Christi surgiu como um gesto de beleza e acolhimento para a passagem do Santíssimo Sacramento.

Cada flor, cada grão de pó de café, cada traço de cor, tudo é expressão de fé.

Como viver bem o Corpus Christi hoje?

Nem todo mundo consegue participar de uma procissão ou fazer um tapete, mas todos podemos viver esse dia com mais consciência e fé. Aqui vão algumas sugestões:

  • Participar da Missa Solene de Corpus Christi na sua paróquia.
  • Fazer um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento, mesmo que breve.
  • Se não houver procissão na sua cidade, você pode organizar um pequeno altar em casa para rezar com a sua família.
  • Fazer uma leitura espiritual sobre a Eucaristia (um bom começo pode ser  João 6:37-45).

E se quiser mergulhar ainda mais profundamente, aproveite para assistir o filme “Vivo”, que está disponível na Lumine: uma coletânea de testemunhos transformadores que nos ajuda a contemplar o mistério da Eucaristia.

Conheça mais sobre os Milagres Eucarísticos: 

Beato Carlo Acutis foi um dos grandes responsáveis por reunir uma seleção extensa de fotografias e descrições históricas dos principais Milagres Eucarísticos que aconteceram ao longo dos séculos na Igreja Católica. 

Clique aqui para ter acesso à exposição. 

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Quando pensamos em Corpus Christi, é quase inevitável que as primeiras imagens que venham à cabeça sejam as procissões pelas ruas, os tapetes de flores e serragem ou, para alguns, apenas um feriado prolongado.

Mas a verdade é que por trás de tudo isso existe uma das celebrações mais belas e profundas da tradição católica. Uma festa que atravessou séculos, surgiu em meio a debates teológicos, visões místicas e até perseguições internas na Igreja, até chegar ao formato que conhecemos hoje.

Se você já se perguntou de onde vem a festa de Corpus Christi, por que ela só surgiu na Idade Média e o que ela realmente significa, siga na leitura. No artigo, você vai encontrar respostas para entender qual a sua origem, significado e como viver essa solenidade tão central na fé católica.

O que significa Corpus Christi?

O nome vem do latim e significa “Corpo de Cristo”.

É a festa em que a Igreja proclama de forma pública e solene a sua fé na presença real de Jesus na Eucaristia: Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

Se na Quinta-feira Santa celebramos a instituição da Eucaristia num clima de recolhimento, já no contexto da Paixão de Cristo, Corpus Christi é o dia em que o mistério eucarístico ganha as ruas, com procissões, cantos e adoração. 

A ideia é simples e poderosa: se Deus está realmente presente na Hóstia consagrada, então é justo que o mundo inteiro saiba disso.

Por que Corpus Christi só apareceu no século XIII?

A Igreja sempre acreditou na presença real de Cristo na Eucaristia. Desde os primeiros séculos, os cristãos reconheciam o pão e o vinho consagrados como Corpo e Sangue de Jesus.

Mas foi na Idade Média que essa fé precisou ser reafirmada com mais força.

A partir dos séculos XI e XII, começaram a surgir heresias e questionamentos filosófico-teológicos sobre a natureza da presença de Cristo no altar. O debate não era apenas espiritual, mas também intelectual. A Escolástica, com seu método lógico-filosófico, estava em pleno desenvolvimento.

Em resposta a essas dúvidas, o IV Concílio de Latrão, em 1215, declarou de forma clara e solene a doutrina da transubstanciação: a substância do pão e do vinho se transforma realmente no Corpo e Sangue de Cristo, mesmo que as aparências permaneçam as mesmas.

Esse foi o contexto teológico que preparou o terreno para o nascimento da festa de Corpus Christi.

Santa Juliana de Liège: a mulher que sonhou com uma festa para a Eucaristia

Curiosamente, a origem imediata da festa de Corpus Christi não veio de um Papa ou de um Concílio, mas de uma mística belga: Santa Juliana de Liège, também conhecida como Juliana de Mont Cornillon.

Órfã desde cedo, Juliana foi criada por religiosas agostinianas. Por volta dos 20 anos, começou a ter visões místicas. Numa delas, viu a lua cheia com uma faixa escura atravessando sua face — uma imagem que simboliza, segundo a explicação que ela recebeu em oração, a falta de uma festa específica dedicada ao Santíssimo Sacramento.

Juliana guardou essa visão em segredo por quase vinte anos. Só depois de ser eleita priora, em 1225, começou a compartilhar o que acreditava ser um desejo de Deus para a Igreja.

Ela contou ao seu confessor, buscou o apoio de amigos influentes — entre eles o então arquidiácono de Liège, Jacques Pantaléon, participante da primeira celebração de Corpus Christi e que mais tarde se tornaria o Papa Urbano IV. 

O milagre que confirmou a festa: Bolsena-Orvieto

Enquanto Juliana promovia a ideia da festa em Liège, outro acontecimento reforçou a urgência dessa celebração.

Por volta de 1263, Pe. Pedro de Praga, sacerdote da Boêmia, que duvidava da presença real de Cristo na Eucaristia, celebrou a Missa na cidade italiana de Bolsena. Durante a consagração, a Sagrada Hóstia começou a sangrar, manchando o corporal e o altar com o preciosíssimo sangue de Cristo.

O Papa Urbano IV, que estava em Orvieto, próximo dali, ordenou que o corporal fosse levado até ele. O Papa encontrou a Procissão na entrada da cidade e, ao ver o milagre, ajoelhou-se e pronunciou as palavras Corpus Christi.  Até hoje, ele é preservado e venerado na Catedral de Orvieto.

Movido por esse milagre e pela lembrança das visões de Juliana, Urbano IV instituiu oficialmente a Solenidade de Corpus Christi para toda a Igreja, em 1264, por meio da bula Transiturus de hoc mundo

Por que fazemos procissões e tapetes de Corpus Christi?

A procissão de Corpus Christi tem um significado claro: levar Jesus ao encontro do povo.

É uma demonstração pública de fé e adoração. Não é um teatro ou um simples costume cultural: é a própria Igreja levando seu Senhor pelas ruas, abençoando casas, famílias e a cidade inteira.

No Brasil, a tradição dos tapetes de Corpus Christi surgiu como um gesto de beleza e acolhimento para a passagem do Santíssimo Sacramento.

Cada flor, cada grão de pó de café, cada traço de cor, tudo é expressão de fé.

Como viver bem o Corpus Christi hoje?

Nem todo mundo consegue participar de uma procissão ou fazer um tapete, mas todos podemos viver esse dia com mais consciência e fé. Aqui vão algumas sugestões:

  • Participar da Missa Solene de Corpus Christi na sua paróquia.
  • Fazer um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento, mesmo que breve.
  • Se não houver procissão na sua cidade, você pode organizar um pequeno altar em casa para rezar com a sua família.
  • Fazer uma leitura espiritual sobre a Eucaristia (um bom começo pode ser  João 6:37-45).

E se quiser mergulhar ainda mais profundamente, aproveite para assistir o filme “Vivo”, que está disponível na Lumine: uma coletânea de testemunhos transformadores que nos ajuda a contemplar o mistério da Eucaristia.

Conheça mais sobre os Milagres Eucarísticos: 

Beato Carlo Acutis foi um dos grandes responsáveis por reunir uma seleção extensa de fotografias e descrições históricas dos principais Milagres Eucarísticos que aconteceram ao longo dos séculos na Igreja Católica. 

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