No inverno gelado de 1223, a pequena aldeia de Greccio, na Itália, viveu uma noite que mudaria para sempre a forma como celebramos o Natal. Ali, em uma gruta simples entre as montanhas, São Francisco de Assis criou o primeiro presépio da história, não como uma mera decoração, mas como um gesto de fé profundamente poético, que aproximou o povo do mistério da Encarnação.
O que Francisco fez não foi uma apresentação teatral nem um objeto devocional. Foi uma catequese viva, uma forma de encenar o Evangelho para que as pessoas pudessem ver, ouvir e sentir aquilo que, muitas vezes, ficava distante: o Deus que se fez pequeno, acessível, pobre.
Este artigo mergulha no contexto, nos detalhes e no legado espiritual do primeiro presépio.
Para entender Greccio, é preciso primeiro entender Belém. Pouco tempo antes, em 1219, São Francisco havia feito uma peregrinação à Terra Santa. Ele visitou os locais sagrados e, o mais importante, esteve na gruta da Natividade em Belém.
Aquela experiência o marcou profundamente. Ele tocou o lugar onde, segundo a tradição, o Verbo se fez carne. São Francisco de Assis ficou comovido não com a glória, mas com a humildade e a pobreza daquele evento.
Ao retornar à Itália, ele carregava no coração uma inquietação: como partilhar com o povo simples, que jamais poderia peregrinar à Terra Santa, a emoção que sentiu? Como fazer o Evangelho se tornar palpável, no aqui e no agora?
O seu biógrafo, Tomé de Celano, captura o desejo de Francisco:
“Desejo celebrar a memória daquele Menino que nasceu em Belém, e ver com os olhos do corpo, o mais possível, os desconfortos da sua infância, como Ele foi reclinado no presépio e como, entre o boi e o burro, repousou sobre o feno.”
O foco de Francisco era “ver com os olhos do corpo”. Ele queria uma experiência sensorial da Encarnação.
Quinze dias antes do Natal de 1223, Francisco chamou um homem local de Greccio, um nobre chamado João Velita, conhecido por sua fé e amizade com o santo.
Francisco lhe fez um pedido específico: “Quero que prepares uma gruta, tragas feno, um boi e um jumento, exatamente como foi em Belém.”
João Velita prontamente atendeu ao pedido. Na noite de Natal, frades e camponeses das redondezas vieram em procissão, segurando tochas e velas que iluminavam a noite escura. A cena, descrita por Celano, era de uma alegria transbordante. O bosque ressoava com cânticos, e a rocha da gruta parecia exultar.
Dentro da gruta, tudo estava preparado: o feno no cocho (a manjedoura) e os animais vivos, cuja respiração criava vapor no ar frio.
São Francisco, que era diácono (e não sacerdote), não celebrou a Missa, mas proclamou o Evangelho com uma voz tão comovida que, segundo os relatos, fazia o povo chorar de ternura. Ele pregou sobre o “Rei Pobre” e, ao falar o nome “Jesus”, dizia-se que ele “lambia os lábios”, como se saboreasse a doçura daquele nome.
O gesto mais genial e teologicamente profundo do presépio de São Francisco de Assis naquela noite foi a união de dois mistérios: o Natal e a Eucaristia.
Ele pediu que um altar fosse montado sobre a manjedoura. Ali, em cima do cocho de feno, foi celebrada a Santa Missa. Com isso, São Francisco criou uma imagem viva de um dos títulos de Jesus: o Pão da Vida. O mesmo Jesus que nasceu em Beit Lehem (que em hebraico significa “Casa do Pão”) e foi deitado no cocho (lugar de alimentar os animais), é o mesmo Pão Eucarístico que alimenta a alma dos fiéis no Altar.
A manjedoura tornou-se o primeiro altar de Belém, e em Greccio, o altar tornou-se a manjedoura. Francisco uniu o início da vida de Cristo (o Nascimento) ao centro da vida da Igreja (a Eucaristia). Ele mostrou que o bebê no presépio é o mesmo Deus que se dá em comunhão.
Entenda mais a fundo o significado de cada símbolo do presépio.
A tradição franciscana conta que, durante a Missa, o próprio João Velita teve uma visão. No cocho, que antes parecia vazio (pois não havia uma imagem do menino, apenas o feno), ele viu um bebê deitado, como que adormecido, que despertou com a proximidade de Francisco.
Essa visão simbólica captura perfeitamente o legado de Greccio: a fé no mistério de Cristo estava “adormecida” nos corações, e São Francisco, com sua simplicidade e amor, a “despertou”.
A partir daquela noite, o povo de Greccio levou para casa palhas daquele feno, que, segundo relatos, tinham poder de cura. Mais do que isso, levaram uma nova forma de rezar.
O que São Francisco de Assis inaugurou em Greccio não foi apenas uma decoração. O presépio de São Francisco de Assis foi, e continua sendo, um novo olhar sobre Deus. Ele nos ensinou que, para encontrar o Criador do universo, não precisamos olhar para cima, para a riqueza ou para o poder, mas para baixo: para a simplicidade do feno, para a vulnerabilidade de uma criança e para a humildade de uma manjedoura.
***
A noite de Greccio ganha vida em uma animação pensada para os pequenos.

Assista ao filme infantil São Francisco e o Primeiro Presépio — mais um Original Lumine para celebrar o Natal em família.
No inverno gelado de 1223, a pequena aldeia de Greccio, na Itália, viveu uma noite que mudaria para sempre a forma como celebramos o Natal. Ali, em uma gruta simples entre as montanhas, São Francisco de Assis criou o primeiro presépio da história, não como uma mera decoração, mas como um gesto de fé profundamente poético, que aproximou o povo do mistério da Encarnação.
O que Francisco fez não foi uma apresentação teatral nem um objeto devocional. Foi uma catequese viva, uma forma de encenar o Evangelho para que as pessoas pudessem ver, ouvir e sentir aquilo que, muitas vezes, ficava distante: o Deus que se fez pequeno, acessível, pobre.
Este artigo mergulha no contexto, nos detalhes e no legado espiritual do primeiro presépio.
Para entender Greccio, é preciso primeiro entender Belém. Pouco tempo antes, em 1219, São Francisco havia feito uma peregrinação à Terra Santa. Ele visitou os locais sagrados e, o mais importante, esteve na gruta da Natividade em Belém.
Aquela experiência o marcou profundamente. Ele tocou o lugar onde, segundo a tradição, o Verbo se fez carne. São Francisco de Assis ficou comovido não com a glória, mas com a humildade e a pobreza daquele evento.
Ao retornar à Itália, ele carregava no coração uma inquietação: como partilhar com o povo simples, que jamais poderia peregrinar à Terra Santa, a emoção que sentiu? Como fazer o Evangelho se tornar palpável, no aqui e no agora?
O seu biógrafo, Tomé de Celano, captura o desejo de Francisco:
“Desejo celebrar a memória daquele Menino que nasceu em Belém, e ver com os olhos do corpo, o mais possível, os desconfortos da sua infância, como Ele foi reclinado no presépio e como, entre o boi e o burro, repousou sobre o feno.”
O foco de Francisco era “ver com os olhos do corpo”. Ele queria uma experiência sensorial da Encarnação.
Quinze dias antes do Natal de 1223, Francisco chamou um homem local de Greccio, um nobre chamado João Velita, conhecido por sua fé e amizade com o santo.
Francisco lhe fez um pedido específico: “Quero que prepares uma gruta, tragas feno, um boi e um jumento, exatamente como foi em Belém.”
João Velita prontamente atendeu ao pedido. Na noite de Natal, frades e camponeses das redondezas vieram em procissão, segurando tochas e velas que iluminavam a noite escura. A cena, descrita por Celano, era de uma alegria transbordante. O bosque ressoava com cânticos, e a rocha da gruta parecia exultar.
Dentro da gruta, tudo estava preparado: o feno no cocho (a manjedoura) e os animais vivos, cuja respiração criava vapor no ar frio.
São Francisco, que era diácono (e não sacerdote), não celebrou a Missa, mas proclamou o Evangelho com uma voz tão comovida que, segundo os relatos, fazia o povo chorar de ternura. Ele pregou sobre o “Rei Pobre” e, ao falar o nome “Jesus”, dizia-se que ele “lambia os lábios”, como se saboreasse a doçura daquele nome.
O gesto mais genial e teologicamente profundo do presépio de São Francisco de Assis naquela noite foi a união de dois mistérios: o Natal e a Eucaristia.
Ele pediu que um altar fosse montado sobre a manjedoura. Ali, em cima do cocho de feno, foi celebrada a Santa Missa. Com isso, São Francisco criou uma imagem viva de um dos títulos de Jesus: o Pão da Vida. O mesmo Jesus que nasceu em Beit Lehem (que em hebraico significa “Casa do Pão”) e foi deitado no cocho (lugar de alimentar os animais), é o mesmo Pão Eucarístico que alimenta a alma dos fiéis no Altar.
A manjedoura tornou-se o primeiro altar de Belém, e em Greccio, o altar tornou-se a manjedoura. Francisco uniu o início da vida de Cristo (o Nascimento) ao centro da vida da Igreja (a Eucaristia). Ele mostrou que o bebê no presépio é o mesmo Deus que se dá em comunhão.
Entenda mais a fundo o significado de cada símbolo do presépio.
A tradição franciscana conta que, durante a Missa, o próprio João Velita teve uma visão. No cocho, que antes parecia vazio (pois não havia uma imagem do menino, apenas o feno), ele viu um bebê deitado, como que adormecido, que despertou com a proximidade de Francisco.
Essa visão simbólica captura perfeitamente o legado de Greccio: a fé no mistério de Cristo estava “adormecida” nos corações, e São Francisco, com sua simplicidade e amor, a “despertou”.
A partir daquela noite, o povo de Greccio levou para casa palhas daquele feno, que, segundo relatos, tinham poder de cura. Mais do que isso, levaram uma nova forma de rezar.
O que São Francisco de Assis inaugurou em Greccio não foi apenas uma decoração. O presépio de São Francisco de Assis foi, e continua sendo, um novo olhar sobre Deus. Ele nos ensinou que, para encontrar o Criador do universo, não precisamos olhar para cima, para a riqueza ou para o poder, mas para baixo: para a simplicidade do feno, para a vulnerabilidade de uma criança e para a humildade de uma manjedoura.
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A noite de Greccio ganha vida em uma animação pensada para os pequenos.

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