“Túmulo dos vagalumes”, a melhor animação do Studio Ghibli, está na Lumine
Por Redação Lumine
|
09.ago.2022
Midle Dot

O Studio Ghibli é uma das produtoras mais bem sucedidas do mundo.

Fundado em 1985 pelos artistas Hayao Miyazaki e Isao Takahata, desde a sua criação o Ghibli se notabilizou por produzir animações aclamadas pela crítica e amadas pelo público.

Miyazaki ficaria conhecido por filmes como A viagem de Chihiro, Vidas ao vento e Meu vizinho Totoro. O diretor possui um estilo inconfundível e, embora os seus filmes estejam enraizados na cultura japonesa e os seus mundos imaginários apresentem elementos exóticos, todas as suas histórias apresentam um apelo universal.

Takahata, por sua vez, produziu filmes que não têm muita semelhança entre si, tendo experimentado estilos de desenho e preocupações bem variadas. Contudo, as suas produções apresentam o mesmo nível de qualidade dos filmes de Miyazaki.

A mais famosa dentre elas é Túmulo dos vagalumes, de 1988, adaptação do romance parcialmente autobiográfico do escritor Akiyuki Nosaka, que conta a história de dois irmãos lutando pela sobrevivência após a sua cidade ter sido bombardeada, durante a Segunda Guerra Mundial.

Muitos consideram o filme de Takahata como a melhor animação já produzida pelo Studio Ghibli.

Túmulo dos vagalumes

Os irmãos Seita e Setsuko fogem do bombardeio em sua cidade.

Além de ser um clássico mundial do cinema de animação, Túmulo dos vagalumes é um dos filmes mais emocionantes de todos os tempos.

A história dos órfãos Seita e Setsuko é contada com uma mistura de realismo e poesia.

O espectador não é poupado das cenas duras, que nos dão a ver, de maneira direta, os horrores da guerra: a violência, a destruição e a fome.

No entanto, em meio a tantas dores, os irmãos também conhecem a beleza: no amor que um nutre pelo outro e nos singelos momentos de confraternização dos quais eles compartilham.

Em Túmulo dos vagalumes, todos os recursos da arte da animação são empregados para criar cenas cheias de beleza e sensibilidade, ainda quando elas estejam retratando uma realidade extremamente cruel.

Contribui para isso o fato de que a história é focada na experiência de duas crianças. Como em outros filmes do Studio Ghibli, é como se o espectador assumisse o ponto de vista infantil e fosse convidado a enxergar beleza mesmo nas circunstâncias mais desesperadoras da vida.

Diálogo com o neorrealismo italiano

Nesse aspecto, é possível dizer que o filme dialoga com alguns filmes do movimento cinematográfico que ficou conhecido como neorrealismo italiano, principalmente com a trilogia da guerra, de Roberto Rossellini, e com alguns filmes de Vittorio de Sica, como Ladrões de bicicletas e Vítimas da tormenta.

Se pensarmos em um personagem como Bruno, de Ladrões de bicicletas, perceberemos características em comum com a menina Setsuko, de Túmulo dos vagalumes: ambos são personagens cuja ternura infantil encanta e comove o espectador.

Além disso, há outras características que aproximam a animação de Takahata dos filmes daquele movimento: a atenção aos detalhes do cotidiano, aos pequenos gestos e a valorização de momentos “banais”, pouco extraordinários.

Em Túmulo dos vagalumes, esses momentos são intensificados pela arte da animação — que permite um nível de detalhe ainda maior do que o da fotografia real — e pelo desenho de som muito bem composto do filme.

Poesia material

O cinema de animação geralmente é caracterizado por um ritmo frenético, uma montagem rápida, uma música apelativa e muitas cenas de ação.

Túmulo dos vagalumes também apresenta algumas dessas características, mas, como vimos, ele reserva vários momentos para um ritmo mais lento e contemplativo.

Merecem uma menção especial as cenas em que aparecem os vagalumes. Tais insetos são um motivo visual que propicia a criação de algumas das cenas mais bonitas do filme. No cinema, um motivo é um elemento que se repete, criando sentidos. Funciona como se fosse uma rima ao longo do filme, pois o recurso da animação permite explorar esse motivo por várias perspectivas diferentes:

Além disso, os vagalumes também adquirem um poder simbólico que sintetiza o sentido profundo da história: quando os vagalumes que enfeitaram a noite amanhecem todos mortos, a menina Setsuko adquire uma consciência da transitoriedade do mundo material. Ela percebe o quão frágil é aquela beleza que tanto a encantava.

Por outro lado, os vagalumes irrompem como lampejos de luz na sombria e dolorosa realidade apresentada nessa obra-prima de Takahata. Efêmeros, eles também recordam: tudo é passageiro, até mesmo o sofrimento.

***

Túmulo dos vagalumes está disponível na Lumine. Assine a plataforma e assista ao filme hoje mesmo!

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O Studio Ghibli é uma das produtoras mais bem sucedidas do mundo.

Fundado em 1985 pelos artistas Hayao Miyazaki e Isao Takahata, desde a sua criação o Ghibli se notabilizou por produzir animações aclamadas pela crítica e amadas pelo público.

Miyazaki ficaria conhecido por filmes como A viagem de Chihiro, Vidas ao vento e Meu vizinho Totoro. O diretor possui um estilo inconfundível e, embora os seus filmes estejam enraizados na cultura japonesa e os seus mundos imaginários apresentem elementos exóticos, todas as suas histórias apresentam um apelo universal.

Takahata, por sua vez, produziu filmes que não têm muita semelhança entre si, tendo experimentado estilos de desenho e preocupações bem variadas. Contudo, as suas produções apresentam o mesmo nível de qualidade dos filmes de Miyazaki.

A mais famosa dentre elas é Túmulo dos vagalumes, de 1988, adaptação do romance parcialmente autobiográfico do escritor Akiyuki Nosaka, que conta a história de dois irmãos lutando pela sobrevivência após a sua cidade ter sido bombardeada, durante a Segunda Guerra Mundial.

Muitos consideram o filme de Takahata como a melhor animação já produzida pelo Studio Ghibli.

Túmulo dos vagalumes

Os irmãos Seita e Setsuko fogem do bombardeio em sua cidade.

Além de ser um clássico mundial do cinema de animação, Túmulo dos vagalumes é um dos filmes mais emocionantes de todos os tempos.

A história dos órfãos Seita e Setsuko é contada com uma mistura de realismo e poesia.

O espectador não é poupado das cenas duras, que nos dão a ver, de maneira direta, os horrores da guerra: a violência, a destruição e a fome.

No entanto, em meio a tantas dores, os irmãos também conhecem a beleza: no amor que um nutre pelo outro e nos singelos momentos de confraternização dos quais eles compartilham.

Em Túmulo dos vagalumes, todos os recursos da arte da animação são empregados para criar cenas cheias de beleza e sensibilidade, ainda quando elas estejam retratando uma realidade extremamente cruel.

Contribui para isso o fato de que a história é focada na experiência de duas crianças. Como em outros filmes do Studio Ghibli, é como se o espectador assumisse o ponto de vista infantil e fosse convidado a enxergar beleza mesmo nas circunstâncias mais desesperadoras da vida.

Diálogo com o neorrealismo italiano

Nesse aspecto, é possível dizer que o filme dialoga com alguns filmes do movimento cinematográfico que ficou conhecido como neorrealismo italiano, principalmente com a trilogia da guerra, de Roberto Rossellini, e com alguns filmes de Vittorio de Sica, como Ladrões de bicicletas e Vítimas da tormenta.

Se pensarmos em um personagem como Bruno, de Ladrões de bicicletas, perceberemos características em comum com a menina Setsuko, de Túmulo dos vagalumes: ambos são personagens cuja ternura infantil encanta e comove o espectador.

Além disso, há outras características que aproximam a animação de Takahata dos filmes daquele movimento: a atenção aos detalhes do cotidiano, aos pequenos gestos e a valorização de momentos “banais”, pouco extraordinários.

Em Túmulo dos vagalumes, esses momentos são intensificados pela arte da animação — que permite um nível de detalhe ainda maior do que o da fotografia real — e pelo desenho de som muito bem composto do filme.

Poesia material

O cinema de animação geralmente é caracterizado por um ritmo frenético, uma montagem rápida, uma música apelativa e muitas cenas de ação.

Túmulo dos vagalumes também apresenta algumas dessas características, mas, como vimos, ele reserva vários momentos para um ritmo mais lento e contemplativo.

Merecem uma menção especial as cenas em que aparecem os vagalumes. Tais insetos são um motivo visual que propicia a criação de algumas das cenas mais bonitas do filme. No cinema, um motivo é um elemento que se repete, criando sentidos. Funciona como se fosse uma rima ao longo do filme, pois o recurso da animação permite explorar esse motivo por várias perspectivas diferentes:

Além disso, os vagalumes também adquirem um poder simbólico que sintetiza o sentido profundo da história: quando os vagalumes que enfeitaram a noite amanhecem todos mortos, a menina Setsuko adquire uma consciência da transitoriedade do mundo material. Ela percebe o quão frágil é aquela beleza que tanto a encantava.

Por outro lado, os vagalumes irrompem como lampejos de luz na sombria e dolorosa realidade apresentada nessa obra-prima de Takahata. Efêmeros, eles também recordam: tudo é passageiro, até mesmo o sofrimento.

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