Quem quer que tenha feito uma grande viagem, sabe o que é voltar com a sensação de ter vivido muitas vidas em poucos dias. Parece que o tempo passou mais devagar e, naqueles poucos dias de viagem, é como se tivéssemos vivido muitos meses. Isso acontece porque quando estamos viajando ficamos mais atentos às novidades e belezas que nos circundam.
Quando viajamos, todos os detalhes chamam nossa atenção. E essa atitude de constante atenção faz com que tenhamos a sensação de que há mais vida em nossos dias. Isso porque a atenção é a substância da vida.
A atenção é a consciência de nossas ações e do nosso ambiente. Consequentemente, a desatenção faz-nos inconscientes de nós mesmos. Toda vez que estamos dispersos é como se não estivéssemos cientes do que estamos vivendo. A desatenção é, portanto, uma desconexão com a vida.
Na era dos smartphones e redes sociais, essa desatenção nos custa caro. A cada instante somos convocados a fugir do instante. Esse processo é tão perigoso que a própria Igreja tem insistido na necessidade da procura da vida heroica na vida cotidiana. A mística católica parece apontar cada vez mais na direção do encontro de uma espiritualidade do instante. Uma mística do instante, como inclusive é nomeado o belo livro de espiritualidade do teólogo e cardeal Dom José Tolentino — uma das principais figuras na teologia contemporânea.
A preocupação com o instante e com a atenção é a tônica do nosso tempo. Isso porque a desatenção nos afasta da realidade. Sem viver a realidade da vida, estamos apartados dos nossos verdadeiros dramas e dos nossos problemas mais fundamentais. É impossível construir qualquer solução relevante para nossas comunidades se estivermos apartados dos problemas fundamentais. Experimente pedir um favor a um adolescente desatento com os olhares fixos em seu celular. Sua apreensão do pedido será tão precária que provavelmente a execução do favor será um novo desfavor. O que aconteceu? O tal adolescente foi incapaz de captar a realidade do favor solicitado.
Apartados da realidade da vida, será impossível que nossos empreendimentos criem soluções reais. Sem atenção somos ineficazes em tudo.
O contrário é ainda mais evidente. Lembro que, em certo momento da nossa empresa, um dos nossos gestores falou uma frase que chamou minha atenção: “O engajamento diminui custos”. Evidente, pois a atenção engajada permite a realização de um trabalho focado que diminui o custo de tempo e o custo material também. A atenção gera muitos outros frutos positivos: quando estamos mais conscientes, as nossas resoluções são mais efetivas, as soluções surgem mais rápido, etc. Uma pessoa atenta beneficia todo o corpo de uma instituição.
A atenção também permite uma melhoria na comunicabilidade de um grupo. Ter talento e realizar um bom trabalho não é suficiente. É necessário entender como nosso trabalho e nosso talento serão lidos pela comunidade. Este é um ponto fundamental, principalmente para quem trabalha com comunicação e marketing.
Todo ato de comunicação exige um esforço para se colocar no lugar do outro, com o objetivo de presumir como a nossa audiência irá ler o que estamos comunicando.
Esse é o ato próprio da atenção: colocar-se no lugar do outro e refletir como será o impacto das nossas ações e palavras. Não basta usar as palavras certas, é necessário usá-las do jeito certo. Este é o erro de muitos comunicadores: o de concentrar-se nos aspectos mais superficiais do trabalho. Há níveis mais profundos que precisam ser compreendidos.
Conforme descreve o filósofo Olavo de Carvalho, a comunicação acontece a partir de três elementos: o signo, o referente e o significado. A maior parte dos profissionais de comunicação concentra-se apenas no significado, ou seja, apenas no que as palavras significam. Eles esquecem os outros elementos da comunicação. De acordo com Olavo de Carvalho, os conceitos de signo, referente e significado são partes fundamentais da semiótica e da compreensão da linguagem. Aqui está uma explicação simplificada desses conceitos conforme a abordagem do filósofo:
Um signo é qualquer coisa que representa algo para alguém. Pode ser uma palavra, uma imagem, um gesto, entre outros. Os signos são fundamentais para a comunicação humana, pois nos permitem transmitir e receber informações. Os signos são arbitrários, ou seja, não têm uma relação direta e necessária com seus significados. Por exemplo, a palavra “cachorro” é apenas uma sequência de letras, mas para falantes da língua portuguesa, ela representa um animal específico.
O referente é aquilo para o qual o signo aponta ou representa. É o objeto, conceito ou entidade ao qual o signo se refere. Por exemplo, no caso da palavra “cachorro”, o referente é um animal de quatro patas que conhecemos, que já esteve presente para nós. Mas, em muitos casos, o referente não é diretamente acessível ao observador e pode ser objeto de interpretação e debate.
O significado de um signo é a interpretação ou compreensão que lhe é atribuída. É o sentido que o signo carrega para quem o percebe. Por exemplo, quando alguém vê a palavra “cachorro”, ela evoca a imagem mental do animal e todas as associações que essa palavra pode ter para essa pessoa.
O significado não é fixo ou universal, mas sim construído social e culturalmente. O mesmo signo pode ter significados diferentes para pessoas diferentes ou em contextos diferentes.
Isso tudo tem um sentido muito profundo. A verdadeira atenção acontece quando dedicamos o nosso tempo com todas as nossas forças. Quando colocamos tudo de nós mesmos em uma tarefa, compreendendo como aquilo afeta ao próximo e a toda a comunidade. Essa atitude é a atitude própria do amor. A atenção permite que nos coloquemos no lugar do outro e reflitamos a respeito do melhor trabalho que poderíamos realizar por ele.
A atenção é a antessala do amor. E os frutos do amor — e, portanto, da atenção — são o fundamento de qualquer empreendimento bem sucedido. São os frutos descritos nas Escrituras, na Epístola de Gálatas: “alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura e temperança.”
Quem quer que tenha feito uma grande viagem, sabe o que é voltar com a sensação de ter vivido muitas vidas em poucos dias. Parece que o tempo passou mais devagar e, naqueles poucos dias de viagem, é como se tivéssemos vivido muitos meses. Isso acontece porque quando estamos viajando ficamos mais atentos às novidades e belezas que nos circundam.
Quando viajamos, todos os detalhes chamam nossa atenção. E essa atitude de constante atenção faz com que tenhamos a sensação de que há mais vida em nossos dias. Isso porque a atenção é a substância da vida.
A atenção é a consciência de nossas ações e do nosso ambiente. Consequentemente, a desatenção faz-nos inconscientes de nós mesmos. Toda vez que estamos dispersos é como se não estivéssemos cientes do que estamos vivendo. A desatenção é, portanto, uma desconexão com a vida.
Na era dos smartphones e redes sociais, essa desatenção nos custa caro. A cada instante somos convocados a fugir do instante. Esse processo é tão perigoso que a própria Igreja tem insistido na necessidade da procura da vida heroica na vida cotidiana. A mística católica parece apontar cada vez mais na direção do encontro de uma espiritualidade do instante. Uma mística do instante, como inclusive é nomeado o belo livro de espiritualidade do teólogo e cardeal Dom José Tolentino — uma das principais figuras na teologia contemporânea.
A preocupação com o instante e com a atenção é a tônica do nosso tempo. Isso porque a desatenção nos afasta da realidade. Sem viver a realidade da vida, estamos apartados dos nossos verdadeiros dramas e dos nossos problemas mais fundamentais. É impossível construir qualquer solução relevante para nossas comunidades se estivermos apartados dos problemas fundamentais. Experimente pedir um favor a um adolescente desatento com os olhares fixos em seu celular. Sua apreensão do pedido será tão precária que provavelmente a execução do favor será um novo desfavor. O que aconteceu? O tal adolescente foi incapaz de captar a realidade do favor solicitado.
Apartados da realidade da vida, será impossível que nossos empreendimentos criem soluções reais. Sem atenção somos ineficazes em tudo.
O contrário é ainda mais evidente. Lembro que, em certo momento da nossa empresa, um dos nossos gestores falou uma frase que chamou minha atenção: “O engajamento diminui custos”. Evidente, pois a atenção engajada permite a realização de um trabalho focado que diminui o custo de tempo e o custo material também. A atenção gera muitos outros frutos positivos: quando estamos mais conscientes, as nossas resoluções são mais efetivas, as soluções surgem mais rápido, etc. Uma pessoa atenta beneficia todo o corpo de uma instituição.
A atenção também permite uma melhoria na comunicabilidade de um grupo. Ter talento e realizar um bom trabalho não é suficiente. É necessário entender como nosso trabalho e nosso talento serão lidos pela comunidade. Este é um ponto fundamental, principalmente para quem trabalha com comunicação e marketing.
Todo ato de comunicação exige um esforço para se colocar no lugar do outro, com o objetivo de presumir como a nossa audiência irá ler o que estamos comunicando.
Esse é o ato próprio da atenção: colocar-se no lugar do outro e refletir como será o impacto das nossas ações e palavras. Não basta usar as palavras certas, é necessário usá-las do jeito certo. Este é o erro de muitos comunicadores: o de concentrar-se nos aspectos mais superficiais do trabalho. Há níveis mais profundos que precisam ser compreendidos.
Conforme descreve o filósofo Olavo de Carvalho, a comunicação acontece a partir de três elementos: o signo, o referente e o significado. A maior parte dos profissionais de comunicação concentra-se apenas no significado, ou seja, apenas no que as palavras significam. Eles esquecem os outros elementos da comunicação. De acordo com Olavo de Carvalho, os conceitos de signo, referente e significado são partes fundamentais da semiótica e da compreensão da linguagem. Aqui está uma explicação simplificada desses conceitos conforme a abordagem do filósofo:
Um signo é qualquer coisa que representa algo para alguém. Pode ser uma palavra, uma imagem, um gesto, entre outros. Os signos são fundamentais para a comunicação humana, pois nos permitem transmitir e receber informações. Os signos são arbitrários, ou seja, não têm uma relação direta e necessária com seus significados. Por exemplo, a palavra “cachorro” é apenas uma sequência de letras, mas para falantes da língua portuguesa, ela representa um animal específico.
O referente é aquilo para o qual o signo aponta ou representa. É o objeto, conceito ou entidade ao qual o signo se refere. Por exemplo, no caso da palavra “cachorro”, o referente é um animal de quatro patas que conhecemos, que já esteve presente para nós. Mas, em muitos casos, o referente não é diretamente acessível ao observador e pode ser objeto de interpretação e debate.
O significado de um signo é a interpretação ou compreensão que lhe é atribuída. É o sentido que o signo carrega para quem o percebe. Por exemplo, quando alguém vê a palavra “cachorro”, ela evoca a imagem mental do animal e todas as associações que essa palavra pode ter para essa pessoa.
O significado não é fixo ou universal, mas sim construído social e culturalmente. O mesmo signo pode ter significados diferentes para pessoas diferentes ou em contextos diferentes.
Isso tudo tem um sentido muito profundo. A verdadeira atenção acontece quando dedicamos o nosso tempo com todas as nossas forças. Quando colocamos tudo de nós mesmos em uma tarefa, compreendendo como aquilo afeta ao próximo e a toda a comunidade. Essa atitude é a atitude própria do amor. A atenção permite que nos coloquemos no lugar do outro e reflitamos a respeito do melhor trabalho que poderíamos realizar por ele.
A atenção é a antessala do amor. E os frutos do amor — e, portanto, da atenção — são o fundamento de qualquer empreendimento bem sucedido. São os frutos descritos nas Escrituras, na Epístola de Gálatas: “alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura e temperança.”
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