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A Conversão (e Educação) do Olhar
Por Francisco Escorsim
|
16.dez.2025
Midle Dot

Recebi da Lumine o box de A Conversão do Olhar, obra de Rômulo Cyríaco, que trata da origem católica do cinema moderno. Se não sabe do que estou falando, confira aqui

Mal comecei a ler e já parei nos primeiros capítulos, depois da definição do que seria o cinema moderno e a primazia de Rossellini na sua gênese. Não porque o livro é ruim, muitíssimo pelo contrário! É por perceber, de início, que mais ganha o leitor que o tomar por guia para a sua conversão ou educação do olhar. 

Ou seja, mais vale lê-lo assistindo as obras que cita do que depois de terminada a leitura. E como o autor nos faz a graça de informar de início uma sequência de filmes de Rossellini que fundamenta e retrata sua tese, muito agradecido pausei a leitura e corri começar a assisti-los pela ordem em conjunto com a leitura. 

(Onde? Ora, na Lumine, é claro. Aliás, boa sorte para encontrar tantos filmes clássicos em um lugar só, como a Lumine oferece.)

E por que prefiro ler assim?, alguém pode estar se perguntando e se não estiver eu mesmo me pergunto. Porque quando se trata de artes visuais — e o cinema é uma delas, embora não apenas —, aprender a olhar é mais fundamental do que entender o que está olhando. Aliás, sem o olhar bem direcionado é impossível entendê-las. 

Nós, das últimas gerações, não fomos bem educados para isso. Se tivéssemos, bastaria seguir, por exemplo, qualquer lista com os melhores filmes da história para que uma cultura cinematográfica fosse adquirida como consequência. Mas, na prática, isso não acontece. 

Seja honesto, quando você tenta assistir uma obra de, sei lá, Tarkovski, você não sente sono? Na prática, seja sincero, é um saco assistir filmes “antigos”. Não minta! Tudo parece “lento”. Se for em preto e branco, então… 

E se formos mais honestos ainda, na base de “pronto, falei”, confessemos: esses clássicos parecem todos “amadores” perto dos filmes atuais. Não porque os de hoje seriam melhores, mas porque as condições tecnológicas em comparação com o que se tinha até pouco tempo atrás (diria até meados dos anos 1990) são absurdamente maiores e melhores, fazendo qualquer filme dos anos 1980 para trás parecerem “caseiros”. 

É uma ilusão de ótica, claro, como as propagandas de lanches do McDonald’s. Mas como nossa sensibilidade não foi educada para a contemplação, e sim para o deleite, é “natural” gostarmos desses “junkie foods” cinematográficas que nos são servidas hoje em dia, que mal matam a fome, mas saciam rápido o prazer de comer. 

A consequência disso é que pouco apuramos o “paladar”. Ou seja, não cultivamos a cultura, cujo nome já traz em si a ação correspondente de nossa parte. Não basta apenas ver os filmes, como quem passa os olhos na edição do dia dos jornais para se atualizar. É preciso bem mais do que isso: o que implica um certo esforço para sensibilidades estéticas distantes da atual, ritmos bem mais lentos, até precariedades visuais que foram eliminadas nos dias de hoje.

Daí a preciosidade de obras como a de Rômulo Cyríaco, que oferece mais do que parece. Bora (re)ver a trilogia da guerra de Roberto Rossellini? Está todinha na Lumine. Se mais alguém aí topar, podíamos começar uma conversa aqui nos comentários, tendo o livro por base. O que vocês acham?

Leia também 

*** 

Aceita o desafio de educar seu olhar?


Não assista aos filmes sozinho: tenha em mãos o mapa perfeito para navegar pela história do cinema moderno.
Adquira agora o box A Conversão do Olhar e descubra uma nova forma de ver o mundo. 

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Ou seja, mais vale lê-lo assistindo as obras que cita do que depois de terminada a leitura. E como o autor nos faz a graça de informar de início uma sequência de filmes de Rossellini que fundamenta e retrata sua tese, muito agradecido pausei a leitura e corri começar a assisti-los pela ordem em conjunto com a leitura. 

(Onde? Ora, na Lumine, é claro. Aliás, boa sorte para encontrar tantos filmes clássicos em um lugar só, como a Lumine oferece.)

E por que prefiro ler assim?, alguém pode estar se perguntando e se não estiver eu mesmo me pergunto. Porque quando se trata de artes visuais — e o cinema é uma delas, embora não apenas —, aprender a olhar é mais fundamental do que entender o que está olhando. Aliás, sem o olhar bem direcionado é impossível entendê-las. 

Nós, das últimas gerações, não fomos bem educados para isso. Se tivéssemos, bastaria seguir, por exemplo, qualquer lista com os melhores filmes da história para que uma cultura cinematográfica fosse adquirida como consequência. Mas, na prática, isso não acontece. 

Seja honesto, quando você tenta assistir uma obra de, sei lá, Tarkovski, você não sente sono? Na prática, seja sincero, é um saco assistir filmes “antigos”. Não minta! Tudo parece “lento”. Se for em preto e branco, então… 

E se formos mais honestos ainda, na base de “pronto, falei”, confessemos: esses clássicos parecem todos “amadores” perto dos filmes atuais. Não porque os de hoje seriam melhores, mas porque as condições tecnológicas em comparação com o que se tinha até pouco tempo atrás (diria até meados dos anos 1990) são absurdamente maiores e melhores, fazendo qualquer filme dos anos 1980 para trás parecerem “caseiros”. 

É uma ilusão de ótica, claro, como as propagandas de lanches do McDonald’s. Mas como nossa sensibilidade não foi educada para a contemplação, e sim para o deleite, é “natural” gostarmos desses “junkie foods” cinematográficas que nos são servidas hoje em dia, que mal matam a fome, mas saciam rápido o prazer de comer. 

A consequência disso é que pouco apuramos o “paladar”. Ou seja, não cultivamos a cultura, cujo nome já traz em si a ação correspondente de nossa parte. Não basta apenas ver os filmes, como quem passa os olhos na edição do dia dos jornais para se atualizar. É preciso bem mais do que isso: o que implica um certo esforço para sensibilidades estéticas distantes da atual, ritmos bem mais lentos, até precariedades visuais que foram eliminadas nos dias de hoje.

Daí a preciosidade de obras como a de Rômulo Cyríaco, que oferece mais do que parece. Bora (re)ver a trilogia da guerra de Roberto Rossellini? Está todinha na Lumine. Se mais alguém aí topar, podíamos começar uma conversa aqui nos comentários, tendo o livro por base. O que vocês acham?

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*** 

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