Como ver filmes (Roteiro Lumine – parte 1)

Com suas imagens e sons, o cinema nos apresenta histórias e personagens que representam os mais diferentes aspectos da realidade. Nos filmes, acessamos mundos e possibilidades de vida diferentes das nossas, adquirindo assim consciência maior a respeito de nós mesmos.

Cientes da importância dessa arte, os diretores e suas equipes possuem à disposição um grande arsenal de técnicas para expressar e reproduzir as mais variadas questões da existência. Herdeiros das tradições da música, da pintura, do teatro ou da literatura, eles utilizam variados recursos para fazer com que os filmes se tornem obras de valor permanente.

Por outro lado, o valor de uma obra de arte só se completa com a sua recepção. Por isso, quando falamos de cinema, precisamos considerar que os espectadores são chamados a participar do que veem, assumindo tanto uma postura passiva, própria de quem aceita, no caso, ser levado pelo que assiste, como ativa, pois cabe a eles completar o que veem, pensando a respeito das obras de arte, identificando os seus defeitos e suas qualidades.

Como acontece com outras artes, quanto mais ferramentas possuímos para auxiliar na experiência de ver um filme, mais ela se tornará proveitosa. Assim, ao dedicar uma atenção mais demorada à obra de arte, conseguimos identificar camadas mais profundas de significado. Quando fazemos isso, os filmes deixam de ser apenas um meio de entretenimento e se transformam numa parte da nossa personalidade.

Pensando nisso, te convidamos a acompanhar o Roteiro Lumine. Trata-se de um guia com 10 exercícios, no qual você descobrirá algumas formas de ampliar a tua visão sobre os filmes, fazendo com que a experiência do cinema seja muito mais significativa.

Acompanhe, neste artigo, os três primeiros exercícios da lista:

1. Forme um repertório

Assistindo a filmes de épocas e países diferentes, realizados por diretores com diferentes estilos e propostas, formamos um repertório capaz de tornar cada vez mais proveitosas as nossas experiências com outros filmes.

As obras clássicas, por exemplo, recebem essa denominação por terem marcado a história do cinema, tornando-se referências importantes para a compreensão dessa arte como um todo. 

Portanto, quando temos um bom repertório, as obras iluminam umas às outras. Colocando as obras lado a lado, comparando-as, percebemos com mais clareza as características de cada uma, e passamos a refletir melhor a respeito do que vemos.

2. Reflita sobre o teu próprio gosto

Quando se trata de arte, é comum termos as nossas próprias preferências. Porém, é importante estarmos abertos a novas experiências, que desafiam essas preferências.

Se nossos gostos estiverem sempre à frente, nossa compreensão dos filmes pode ser prejudicada. Em vez de entendermos as obras pelo que elas se propõem ser, estaremos tentando encaixá-las em nossos preconceitos.

Um filme solicita a nossa generosidade, pede que aceitemos “jogar o seu jogo”. A arte exige um esforço contínuo de compreensão, que envolve silêncio, contemplação e reflexões acerca das impressões, positivas ou negativas, que uma obra provoca.

Podemos nos habituar a fazer perguntas. Por exemplo: por que somos tocados por Marcelino Pão e Vinho? Por que o jantar de A festa de Babette é tão marcante? O que reprovamos nas personagens de O dinheiro? Assim, aprendemos a identificar as partes das respostas que dizem respeito a nós mesmos e quais são características das próprias obras.

3. Veja os filmes mais de uma vez

Na história do cinema, muitos filmes considerados clássicos foram em algum momento ignorados pelo público ou pela crítica antes de terem seu valor reconhecido.

Casos assim exemplificam a necessidade de refazer o diálogo com os filmes, que são obras abertas e permitem diferentes interpretações. Revisitando-os, percebemos o que ficou pelo caminho ou não foi notado em ocasiões anteriores.

Alguns filmes nos acompanham por muito tempo. Que, por algum motivo, vemos e revemos com um interesse renovado. Essas revisões são oportunidades para que avaliemos as nossas próprias mudanças de perspectiva: o que mudou em nós que fez com que víssemos uma obra de modo diferente em diferentes momentos da nossa vida? 

Assim, entrando em contato com obras que já conhecemos, também revemos nossos próprios juízos a respeito das personagens, das intenções dos artistas ou da obra de maneira geral, adquirindo uma consciência maior a respeito de quem somos.

E aí, gostou das dicas? Com mais de 400 horas de conteúdo confiável e de qualidade, a Lumine é a plataforma perfeita para você criar um bom repertório e se aprofundar na experiência do cinema. 

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