Como ver filmes (roteiro Lumine – parte 3)

Chegamos à conclusão do Roteiro Lumine, o nosso guia para tornar ainda mais rica a tua experiência com os filmes. Confira abaixo mais quatro exercícios.

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7. Informe-se com a crítica especializada

Uma maneira de ampliar nossa visão sobre o cinema é buscar os comentários da crítica especializada. Assim, treinamos nosso olhar a partir do olhar de pessoas que ao longo do tempo acumularam conhecimentos e têm o hábito de pensar sobre os filmes.

Um bom crítico de cinema se esforça para que suas análises sejam condizentes com as características que o filme possui e com as propostas levadas adiante pelo diretor.

Para isso, o crítico busca ir ao encontro dos filmes com humildade, num esforço contínuo de compreendê-los, sem carregar de antemão mais respostas que perguntas. Assim, ele é capaz de mover reflexões e apontar detalhes que passariam despercebidos.

8. Conheça a história do cinema

Os grandes filmes, como as grandes obras de arte, transcendem o momento em que foram feitos. Diferente, por exemplo, das obras conhecidas como panfletárias, cujo alcance na maioria dos casos se limita ao momento em que surgiram, os filmes de que falamos são capazes de encontrar público em diferentes épocas. No entanto, adquirir informações sobre o contexto em que eles surgiram, e também sobre as transformações do cinema ao longo dos anos, fornece caminhos para compreendê-los melhor.

Um exemplo importante dessa questão é o impacto que teve a Segunda Guerra Mundial no cinema. A devastação física, moral, espiritual em que se encontravam os países, com milhões de mortos e cidades inteiras em ruínas, forçou os cineastas a adotarem novas técnicas para retratar as circunstâncias dramáticas em que se encontravam.

Os filmes de períodos anteriores lidavam com a temática da guerra de outras maneiras. Eram como esculturas, resultados de longas preparações, ensaios, ajustes e correções. Em filmes do pós-guerra, como Roma, cidade aberta, Paisà e Alemanha, ano zero, do italiano Roberto Rossellini, passou-se a preferir as imperfeições, falhas, rasuras.

Em vez de permanecer nos estúdios, os artistas filmavam nas ruas, sem roteiros definidos, mais abertos ao improviso. Atores amadores e profissionais eram reunidos em cena, desfazendo as barreiras que separavam documentários e ficções, porque o momento exigia uma nova abordagem, mais próxima dos dramas das pessoas comuns.

9. Conheça as técnicas do cinema

Ao elaborar uma obra de arte, os artistas fazem escolhas. Assim como o escritor escolhe utilizar uma palavra no lugar da outra ou um pintor prefere o azul ao amarelo, um diretor de cinema decide, por exemplo, filmar uma cena de diálogo valorizando a reação de surpresa de uma personagem em vez do rosto daquela que se declara culpada, e essa escolha define os rumos dramáticos da cena e seu significado no interior do filme.

As questões técnicas dão forma às intenções dos artistas. Reparar no uso que é feito da luz em Tudo que o céu permite, do som em O processo de Joana D’Arc, da música em Cinema Paradiso ou dos movimentos de câmera em Arca Russa, entre tantos elementos que compõem esses e outros filmes, é algo que enriquece a visão das obras.

Refinando o olhar, teremos em mãos mais elementos sobre os quais refletir.

10. Não se limite ao cinema: utilize conhecimentos de outras áreas

O cinema, forma de expressão artística em que outras artes convergem, como a literatura, a pintura ou a música, convida seus espectadores a utilizarem em suas reflexões os conhecimentos originados de fontes diversas.

Ao ver um filme, é interessante mobilizar o máximo do que temos guardado dentro de nós, incluindo nossas experiências pessoais e os conhecimentos filosóficos, religiosos, políticos, históricos, artísticos que adquirimos ao longo da vida.

Diversos aprendizados podem participar da reflexão sobre o que é assistido em um filme, de modo a complementar, aprofundar e enriquecer essa experiência.

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