Acho que pra todo mundo é assim: escutou ou leu a palavra “crítica”, já conclui que se trata de uma desaprovação de algo ou alguém. Não é assim? Mesmo quando a intenção não é esta, será preciso acrescentar o termo “construtiva” para tentar evitar equívocos — quase sempre sem sucesso.
Já adianto que o mais novo programa da Lumine, do qual tenho a honra de participar, e leva “crítica” no nome, não se trata disso. Embora eu não lembre se falei mal de algo ou alguém (é provável que sim, mas, se foi, foi sem querer querendo).
Na verdade, a crítica, antes de ser positiva ou negativa, ou seja, antes de expressar um juízo de valor, pressupõe uma capacidade de discernimento, que é uma verdadeira arte. No Crítica Cultural, é o que você encontrará (ao menos é o que tentamos fazer), acompanhada de algumas chalaças — zoeiras, pra ti que não fala português.
E quando acrescentamos o “cultural”, espero que o leitor não esteja associando com a turma marxista, especialmente aquela da escola de Frankfurt, que andou inventando teorias críticas de tudo quanto é tipo desde o século passado. Mas acho que nem todo mundo padece, como eu, de traumatismo em humanas — fiz faculdade de Direito nos anos 1990, quando o criticismo nadava de braçada.
Se você precisar de algum referencial (espero que não), então, a crítica cultural a que me refiro tem mais a ver — guardadas as devidas e imensas proporções — com o que fizeram Matthew Arnold, Thomas Carlyle, John Ruskin, Baudelaire, até Nietzsche, no século XIX. Já no XX, Jacques Barzun, Lionel Trilling, H. L. Mencken, Allan Bloom, para citar apenas alguns, cujas diferenças permitem não encapsular a crítica cultural em algum viés ideológico ou de outra ordem.
A cultura é, necessariamente, algo abrangente, um amálgama de artes, ideias, histórias, crenças sociais, instituições, tradições, dentre inúmeras outras coisas. O que significa dizer que qualquer esforço de compreensão de uma dada sociedade, um povo, uma civilização, há que considerar essa variedade de elementos interligados. A cultura, portanto, é interdisciplinar por sua natureza, permitindo abordagens diversas e até inusitadas.
Até poderia especificar isso melhor, naquilo que mais me interessa, alinhando-me com Barzun na sua preocupação com a relação entre educação e cultura. Se você já me conhece e acompanha meu trabalho, não terá dificuldade de perceber essa relação quando me vê ora falando de formação do imaginário ou desenvolvimento da personalidade, ora com análises de filmes, seriados, livros, reality shows, modas de internet, até falando de política e por aí vai.
Em todos esses casos, estou a fazer coisas que só na aparência parecem tão diversas, mas que cabem perfeitamente debaixo do guarda-chuva da crítica cultural. Por exemplo, no programa, já nos primeiros episódios, conversaremos sobre “streaming x ideologia”, filmes baseados em livros, inteligência artificial, o Oscar e a formação do imaginário. Capisce?
Por fim, mas talvez o mais importante: essa coisa intelectualizada que o nome do programa parece trazer está devidamente contida em um formato que convida mais ao bate-papo descontraído do que um debate sério e formal. Sabe quando você vai com amigos ao cinema e o filme é interessante, suscitando altos papos animados depois, na mesa do restaurante, durante o jantar?
É por aí. A diferença é que no Crítica Cultural por vezes os episódios serão como o filme a despertar conversas entre os espectadores depois; por outras, será a própria conversa sobre algo que já assistimos, lemos, escutamos, vivemos.
Enfim, para saber mais e melhor, só assistindo! Estreia no dia 06 de fevereiro de 2025. Estarei no sofá amarelo da Lumine lhe esperando para essa conversa começar. Até lá!
Acho que pra todo mundo é assim: escutou ou leu a palavra “crítica”, já conclui que se trata de uma desaprovação de algo ou alguém. Não é assim? Mesmo quando a intenção não é esta, será preciso acrescentar o termo “construtiva” para tentar evitar equívocos — quase sempre sem sucesso.
Já adianto que o mais novo programa da Lumine, do qual tenho a honra de participar, e leva “crítica” no nome, não se trata disso. Embora eu não lembre se falei mal de algo ou alguém (é provável que sim, mas, se foi, foi sem querer querendo).
Na verdade, a crítica, antes de ser positiva ou negativa, ou seja, antes de expressar um juízo de valor, pressupõe uma capacidade de discernimento, que é uma verdadeira arte. No Crítica Cultural, é o que você encontrará (ao menos é o que tentamos fazer), acompanhada de algumas chalaças — zoeiras, pra ti que não fala português.
E quando acrescentamos o “cultural”, espero que o leitor não esteja associando com a turma marxista, especialmente aquela da escola de Frankfurt, que andou inventando teorias críticas de tudo quanto é tipo desde o século passado. Mas acho que nem todo mundo padece, como eu, de traumatismo em humanas — fiz faculdade de Direito nos anos 1990, quando o criticismo nadava de braçada.
Se você precisar de algum referencial (espero que não), então, a crítica cultural a que me refiro tem mais a ver — guardadas as devidas e imensas proporções — com o que fizeram Matthew Arnold, Thomas Carlyle, John Ruskin, Baudelaire, até Nietzsche, no século XIX. Já no XX, Jacques Barzun, Lionel Trilling, H. L. Mencken, Allan Bloom, para citar apenas alguns, cujas diferenças permitem não encapsular a crítica cultural em algum viés ideológico ou de outra ordem.
A cultura é, necessariamente, algo abrangente, um amálgama de artes, ideias, histórias, crenças sociais, instituições, tradições, dentre inúmeras outras coisas. O que significa dizer que qualquer esforço de compreensão de uma dada sociedade, um povo, uma civilização, há que considerar essa variedade de elementos interligados. A cultura, portanto, é interdisciplinar por sua natureza, permitindo abordagens diversas e até inusitadas.
Até poderia especificar isso melhor, naquilo que mais me interessa, alinhando-me com Barzun na sua preocupação com a relação entre educação e cultura. Se você já me conhece e acompanha meu trabalho, não terá dificuldade de perceber essa relação quando me vê ora falando de formação do imaginário ou desenvolvimento da personalidade, ora com análises de filmes, seriados, livros, reality shows, modas de internet, até falando de política e por aí vai.
Em todos esses casos, estou a fazer coisas que só na aparência parecem tão diversas, mas que cabem perfeitamente debaixo do guarda-chuva da crítica cultural. Por exemplo, no programa, já nos primeiros episódios, conversaremos sobre “streaming x ideologia”, filmes baseados em livros, inteligência artificial, o Oscar e a formação do imaginário. Capisce?
Por fim, mas talvez o mais importante: essa coisa intelectualizada que o nome do programa parece trazer está devidamente contida em um formato que convida mais ao bate-papo descontraído do que um debate sério e formal. Sabe quando você vai com amigos ao cinema e o filme é interessante, suscitando altos papos animados depois, na mesa do restaurante, durante o jantar?
É por aí. A diferença é que no Crítica Cultural por vezes os episódios serão como o filme a despertar conversas entre os espectadores depois; por outras, será a própria conversa sobre algo que já assistimos, lemos, escutamos, vivemos.
Enfim, para saber mais e melhor, só assistindo! Estreia no dia 06 de fevereiro de 2025. Estarei no sofá amarelo da Lumine lhe esperando para essa conversa começar. Até lá!
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