O empresário Elon Musk

A verdade por trás do tweet de Elon Musk sobre a Netflix

Recentemente, Elon Musk, reconhecido como o homem mais rico do mundo, provocou grande repercussão na internet.

Musk disse no Twitter que “o vírus da mentalidade woke está tornando a Netflix ‘inassistível’”. 

A declaração aconteceu após a Netflix ter anunciado que, pela primeira vez em dez anos, ela perdera mais de 200 mil assinantes em um semestre — e que espera uma queda ainda maior para o segundo semestre de 2022. 

Várias são as causas possíveis para uma perda tão significativa, além do que sugere o tweet de Musk, mas é importante pensarmos a respeito da declaração do empresário e das suas implicações para a cultura como um todo. 

O que é a mentalidade “woke”

Para entender a frase de Musk, é preciso compreender o sentido com o qual a palavra “woke” foi empregada.

Em tradução literal, “woke” é o passado do verbo “to wake”, que significa “acordar”. Ou seja: estar “woke” seria o equivalente de estar “acordado”, “consciente”, “alerta”. 

Mas Musk não se referia ao sentido literal da palavra, e sim ao seu sentido metafórico. 

Desde 2014, o termo adquiriu um sentido ideológico, transformando-se numa espécie de coringa das pautas progressistas. “Stay woke” virou sinônimo de estar “por dentro” de questões políticas relacionadas à “justiça social”— principalmente as relacionadas à ideia de raça e de gênero sexual. 

Como, em geral, esse tipo de novidade linguística é utilizado de modo irrefletido por agitadores ideológicos, os grupos de direita passaram a usar o termo de modo pejorativo, referindo-se às pessoas que aderem a pautas ideológicas sem refletir a respeito de sua história, de seus agentes e de seu impacto real na sociedade. 

Nesse caso, “woke” significaria o completo oposto de uma pessoa consciente. 

E foi com esse sentido que Musk empregou o termo. Ele quis dizer que muitas produções da Netflix não são realizadas tendo em vista a arte ou o entretenimento, mas, antes de tudo, elas visam a propagação de ideias progressistas.

Arte e retórica

A afirmação de Musk descreve uma tendência crescente no mundo corporativo e nos produtos culturais das principais correntes de mídia, como a música popular e os filmes de Hollywood. 

Muitos desses produtos não são realizados para satisfazer às necessidades do público, mas para impor ideias e valores a ele. 

No cinema, por exemplo, os filmes são criados para “passar uma ideia”, “para convencer”, para “persuadir”. 

Embora seja natural que uma forma de expressão tão permeável a diferentes ideias como o cinema possa servir como agente de transformação ideológica, o predomínio da retórica na arte é uma traição do seu ideal. Seja à direita ou à esquerda do espectro ideológico. 

O escritor russo Nikolai Gogol escreveu: “De qualquer modo, a arte é uma homilia. A minha tarefa é falar através de imagens vivas, e não de argumentos. Tenho de exibir a vida de rosto inteiro, não discutir a vida”. 

O cineasta russo Andrei Tarkovski acrescentou a esse trecho: “A arte tem apenas a capacidade […] de tornar a alma humana receptiva ao bem. É ridículo imaginar que se pode ensinar as pessoas a serem boas, assim como é impossível pensar que alguém possa tornar-se uma esposa fiel seguindo o exemplo ‘positivo’ da Tatiana Larina, de Puchkin. A arte só pode oferecer alimento — um impulso, um pretexto para a experiência espiritual. Até mesmo Marx afirmou que, ‘na arte, a tendência deve estar oculta, para que não fique à mostra como as molas que saltam de um sofá’”. 

Infelizmente, essa visão que Tarkovski tinha da arte — uma força criadora genuína, feita para revelar a vida em vez de discuti-la — está se transformando numa coisa cada vez mais rara.   

Assim, embora a perda significativa de assinantes que a Netflix sofreu não seja um resultado somente de decisões artísticas (pois há vários fatores de ordem econômica e empresarial que influenciaram nesses números), não deixa de ser verdade que boa parte de suas produções originais — e dos títulos licenciados que são oferecidos ao público — assume esse teor excessivamente retórico e impositivo. 

A retórica da Netflix

A empresa nunca escondeu que defende os valores da pauta progressista, como a legalização das drogas e a flexibilização das restrições ao aborto, por exemplo. 

Em 2019, ela ameaçou boicotar o estado da Geórgia — um dos lugares em que a produção cinematográfica é bastante forte nos EUA — caso não fossem revistas as condições da lei que proíbe o aborto após terem sido detectados os primeiros batimentos cardíacos do feto.

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Por certo essa política está implícita no conteúdo original que é produzido pela empresa. Além de programas explicitamente progressistas como The Break With Michelle Wolf e Patriot Act With Hasan Minhaj, existem filmes e séries ficcionais nos quais o tema, a narrativa e o comportamento dos personagens servem para mostrar os valores progressistas de modo positivo e todas as ideias conservadoras de modo negativo.


Na visão apresentada nesses filmes e séries, o aborto, a liberação das drogas e a proibição das armas, por exemplo — temas muito caros às discussões dos partidos de esquerda  — são coisas positivas, mas a visão tradicional da religião, da família e da distinção de gêneros é algo ultrapassado, que precisa ser combatido, extinto ou ridicularizado.

A série O homem que engravidou (que obteve uma nota baixíssima do público no IMDB) apresenta uma subversão de gênero por debaixo de uma possibilidade fantasiosa.

O que isso tem a ver com a Lumine

Nesse contexto midiático, a Lumine surge como uma alternativa em que o público pode encontrar conteúdo de qualidade de verdade. 

Como uma empresa de streaming que já provocou um impacto significativo na vida de mais de 70 mil famílias brasileiras, sempre insistimos na qualidade dos nossos conteúdos. 

Contamos com um acervo único de filmes e séries confiáveis, que não atacam nenhum valor de modo gratuito nem privilegiam a retórica ideológica de grupos políticos. 

Somos uma plataforma católica e nessa posição possuímos valores bem estabelecidos. Mas o conteúdo que oferecemos não é retórico nem exclusivamente apologético. 

Nosso catálogo é um dos melhores do mundo, com centenas de filmes clássicos consolidados pela crítica, que apresentam qualidade artística e um grande potencial de, como dizia o Tarkovski, “predispor a alma para o bem”.  

Nossas produções originais são realizadas com o cuidado de “falar através de imagens vivas, e não de argumentos”. Ou seja, temos uma missão clara: a de inspirar os valores católicos através da beleza do cinema.

O lema é explícito e deixa bem claro uma posição que privilegia a arte e não a retórica, a sugestão ao invés da imposição, e o nosso compromisso com a beleza, a bondade e a verdade. 

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