Entrevista exclusiva: Padre Paulo Ricardo revela relação de amizade e devoção com Santa Teresinha 
Por Redação Lumine
|
01.out.2025
Midle Dot

Poucos santas despertam tanta ternura e devoção quanto Santa Teresinha do Menino Jesus. Conhecida como a pequena flor, ela conquistou o coração dos fiéis com sua pequena via de amor e confiança total em Deus. Por trás de sua imagem delicada, no entanto, há uma espiritualidade robusta, marcada por coragem e obediência ao Evangelho, que poucos conhecem. Por mais que pareça, Santa Teresinha não foi apenas uma jovem piedosa; ela foi uma doutora da Igreja que soube traduzir o mistério da santidade em um caminho acessível e, ao mesmo tempo, exigente.

Muitas vezes, nós, católicos, nos lembramos apenas da suavidade de suas palavras, mas esquecemos a profundidade de sua luta interior, a grandeza de seu amor escondido no ordinário e a audácia de sua mansidão. É esse lado menos explorado de Teresinha que Padre Paulo Ricardo ousa revelar nesta entrevista belíssima. 

Assista ao vídeo abaixo e leia trechos da entrevista. Você descobrirá facetas surpreendentes da santa de Lisieux e, talvez, redescobrirá também o chamado de Deus em sua própria vida.

Assista à entrevista completa em que Padre Paulo Ricardo revela sua amizade com Santa Teresinha

Saiba mais sobre a vida de Santa Teresinha. 

Entrevista com Padre Paulo Ricardo 

Como foi sua primeira aproximação com Santa Teresinha na infância e na família?

Padre: A minha avó materna era muito devota de Santa Teresinha e deu a minha mãe como afilhada da santa. Antigamente havia esse costume: além dos padrinhos na terra, a criança também tinha padrinhos no céu. Então Santa Teresinha era madrinha da minha mãe. Eu cresci nesse ambiente, mas nunca tive uma atração especial por ela, conhecia pouco e não me chamava muito a atenção.

Por que o senhor dizia que não tinha atração por Santa Teresinha e até a rejeitava?

Padre: Ao longo da minha vida, parecia que Santa Teresinha me perseguia, porque vários amigos padres e bispos me falavam dela, mas eu não conseguia gostar. Quando lia seus escritos, achava infantil, efeminado, até de mau gosto — aqueles passarinhos, reizinhos, florzinhas… Era muito marcado pela estética da pequena burguesia francesa do século XIX, e isso me afastava. Eu cheguei a abominá-la.

Qual foi o significado da rosa recebida nesse período de sofrimento?

Padre: Em 1997, com cinco anos de padre, eu vivia o primeiro grande sofrimento do meu sacerdócio. Tudo que eu tinha sonhado parecia desmoronar e eu me sentia injustiçado. Num momento de oração, chorando diante de Deus, lembrei-me de uma rosa vermelha que havia recebido. Perguntei a Deus o que aquilo significava e abri a Bíblia. Caiu no Eclesiástico: ‘Filhos santos florescerão como roseira à beira da água. Não perguntes por que isso ou aquilo, pois tudo tem seu tempo diante de Deus’. Foi impossível não ver ali uma resposta clara.

O senhor poderia comentar a experiência de abrir a Bíblia e encontrar justamente a palavra “rosa”, tão rara nas Escrituras?

Padre: Fui verificar. Em todo o Novo Testamento a palavra ‘rosa’ não aparece nenhuma vez. No Antigo, aparece apenas sete vezes e, em sua maioria, no Eclesiástico. Ou seja, a probabilidade de cair justamente neste versículo era praticamente impossível. Para mim foi um sinal inequívoco de que Deus queria me falar algo.

Padre: Depois dessa experiência, algumas senhoras me falaram: ‘Padre, essa rosa é de Santa Teresinha, reze a novena dela’. Fiz meio por obrigação, sem devoção, mas no mesmo dia em que terminei a novena, uma jovem entrou no meu escritório trazendo uma rosa branca. Foi mais um sinal providencial. A Novena das Rosas, ainda que seja uma devoção popular, é cheia desses sinais de que Santa Teresinha acompanha nossos pedidos.

De que modo o senhor superou a visão de que a espiritualidade de Santa Teresinha era “infantilizada” para perceber sua genialidade?

Padre: Durante a Jornada Mundial da Juventude em Paris, em 1997, ouvi uma conferência do bispo auxiliar de Monsenhor Guy Gaucher sobre Santa Teresinha. Ele mostrou a sua genialidade espiritual, escondida por trás de uma linguagem que, para nós, hoje, pode parecer de mau gosto, cheia de passarinhos, reizinhos e florzinhas. Percebi que, por trás daquela estética do século XIX, havia um verdadeiro gênio espiritual.

Santa Teresinha não é infantil no sentido de imaturidade, mas no sentido evangélico: ‘se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus’. A sua simplicidade não é ingenuidade, mas o único caminho para a verdadeira sabedoria. O doutor da Igreja não é o que acumula diplomas, mas o que se faz pequeno e aprende de Cristo. E foi isso que enxerguei nela: uma criança diante de Deus, que se tornou mestra para todos nós.

O senhor acredita que Santa Teresinha “escolhe” seus amigos espirituais? Como percebeu isso em sua vida? 

Padre: Esse mesmo bispo dizia: ‘Santa Teresinha é cabeçuda, ela escolhe seus amigos e insiste até que os alcança’. Foi exatamente isso que aconteceu comigo.

O que significa, na sua experiência, ser “irmão missionário” de Santa Teresinha?

Padre: Um dia, ao rezar com escritos de Teresinha, encontrei uma carta dela em que dizia: ‘Meu sonho era ter um irmão que fosse padre e se lembrasse de mim todos os dias no altar’. Tomei aquilo como resposta para mim. Desde então, celebro a missa lembrando dela, como seu irmão sacerdote.

Como foi a decisão de assumir a paróquia missionária no Pantanal em resposta ao desejo de Santa Teresinha?

Padre: Um dos sonhos dela era ter um irmão missionário. Então pedi ao bispo que me deixasse cuidar da paróquia mais pobre e missionária da diocese, no Pantanal. Por 11 anos fui pároco lá nos fins de semana. Era o modo de realizar o desejo de Teresinha.


O senhor poderia explicar por que considera que os acontecimentos de 1997 foram “providenciais” e não meras coincidências?

Padre: Não foram milagres no sentido estrito, mas sinais providenciais. Desde a rosa, passando pela proclamação dela como doutora da Igreja no Vaticano, quando justamente cantaram o versículo que eu havia recebido meses antes… Foram tantas pedras caindo no mesmo lugar que só podia ser a inteligência da Providência de Deus e a ação de Santa Teresinha.

Como foi finalmente visitar Lisieux e o que mais o tocou nessa peregrinação?

Padre: Durante muito tempo eu não tinha vontade de ir. Só fui porque minha mãe e família quiseram. Mas chegar lá foi como chegar em casa: era um lugar que eu já conhecia por dentro. O que mais me tocou não foi a Basílica nem o Carmelo, mas a casa dos Martin, onde aconteceu o ‘milagre de Natal’. Ao ver a lareira e a escada, reconheci o lugar e chorei. Foi como se aquilo que Santa Teresinha já tinha construído dentro de mim ganhasse forma visível. 

***

Se esta entrevista já lhe abriu uma janela para a grandeza de Santa Teresinha, imagine poder caminhar ainda mais fundo pelos mistérios de sua vida espiritual. O filme Teresinha, disponível na Lumine, convida você a percorrer, com ela, o caminho silencioso da Noite Escura — aquele tempo de provação em que sua fé foi purificada até se tornar puro abandono nas mãos de Deus.

Com testemunhos, reflexões da Madre Elizabeth e passagens de A História de uma Alma, o filme mostra não apenas a delicadeza de Santa Teresinha, mas sobretudo a firmeza interior de uma doutora da Igreja que fez da confiança em Deus o caminho de sua santidade.

Assista agora a Teresinha, na Lumine, e permita que a mesma chama de fé que transformou a vida de Pe. Paulo Ricardo também ilumine o seu coração.

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Poucos santas despertam tanta ternura e devoção quanto Santa Teresinha do Menino Jesus. Conhecida como a pequena flor, ela conquistou o coração dos fiéis com sua pequena via de amor e confiança total em Deus. Por trás de sua imagem delicada, no entanto, há uma espiritualidade robusta, marcada por coragem e obediência ao Evangelho, que poucos conhecem. Por mais que pareça, Santa Teresinha não foi apenas uma jovem piedosa; ela foi uma doutora da Igreja que soube traduzir o mistério da santidade em um caminho acessível e, ao mesmo tempo, exigente.

Muitas vezes, nós, católicos, nos lembramos apenas da suavidade de suas palavras, mas esquecemos a profundidade de sua luta interior, a grandeza de seu amor escondido no ordinário e a audácia de sua mansidão. É esse lado menos explorado de Teresinha que Padre Paulo Ricardo ousa revelar nesta entrevista belíssima. 

Assista ao vídeo abaixo e leia trechos da entrevista. Você descobrirá facetas surpreendentes da santa de Lisieux e, talvez, redescobrirá também o chamado de Deus em sua própria vida.

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Saiba mais sobre a vida de Santa Teresinha. 

Entrevista com Padre Paulo Ricardo 

Como foi sua primeira aproximação com Santa Teresinha na infância e na família?

Padre: A minha avó materna era muito devota de Santa Teresinha e deu a minha mãe como afilhada da santa. Antigamente havia esse costume: além dos padrinhos na terra, a criança também tinha padrinhos no céu. Então Santa Teresinha era madrinha da minha mãe. Eu cresci nesse ambiente, mas nunca tive uma atração especial por ela, conhecia pouco e não me chamava muito a atenção.

Por que o senhor dizia que não tinha atração por Santa Teresinha e até a rejeitava?

Padre: Ao longo da minha vida, parecia que Santa Teresinha me perseguia, porque vários amigos padres e bispos me falavam dela, mas eu não conseguia gostar. Quando lia seus escritos, achava infantil, efeminado, até de mau gosto — aqueles passarinhos, reizinhos, florzinhas… Era muito marcado pela estética da pequena burguesia francesa do século XIX, e isso me afastava. Eu cheguei a abominá-la.

Qual foi o significado da rosa recebida nesse período de sofrimento?

Padre: Em 1997, com cinco anos de padre, eu vivia o primeiro grande sofrimento do meu sacerdócio. Tudo que eu tinha sonhado parecia desmoronar e eu me sentia injustiçado. Num momento de oração, chorando diante de Deus, lembrei-me de uma rosa vermelha que havia recebido. Perguntei a Deus o que aquilo significava e abri a Bíblia. Caiu no Eclesiástico: ‘Filhos santos florescerão como roseira à beira da água. Não perguntes por que isso ou aquilo, pois tudo tem seu tempo diante de Deus’. Foi impossível não ver ali uma resposta clara.

O senhor poderia comentar a experiência de abrir a Bíblia e encontrar justamente a palavra “rosa”, tão rara nas Escrituras?

Padre: Fui verificar. Em todo o Novo Testamento a palavra ‘rosa’ não aparece nenhuma vez. No Antigo, aparece apenas sete vezes e, em sua maioria, no Eclesiástico. Ou seja, a probabilidade de cair justamente neste versículo era praticamente impossível. Para mim foi um sinal inequívoco de que Deus queria me falar algo.

Padre: Depois dessa experiência, algumas senhoras me falaram: ‘Padre, essa rosa é de Santa Teresinha, reze a novena dela’. Fiz meio por obrigação, sem devoção, mas no mesmo dia em que terminei a novena, uma jovem entrou no meu escritório trazendo uma rosa branca. Foi mais um sinal providencial. A Novena das Rosas, ainda que seja uma devoção popular, é cheia desses sinais de que Santa Teresinha acompanha nossos pedidos.

De que modo o senhor superou a visão de que a espiritualidade de Santa Teresinha era “infantilizada” para perceber sua genialidade?

Padre: Durante a Jornada Mundial da Juventude em Paris, em 1997, ouvi uma conferência do bispo auxiliar de Monsenhor Guy Gaucher sobre Santa Teresinha. Ele mostrou a sua genialidade espiritual, escondida por trás de uma linguagem que, para nós, hoje, pode parecer de mau gosto, cheia de passarinhos, reizinhos e florzinhas. Percebi que, por trás daquela estética do século XIX, havia um verdadeiro gênio espiritual.

Santa Teresinha não é infantil no sentido de imaturidade, mas no sentido evangélico: ‘se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus’. A sua simplicidade não é ingenuidade, mas o único caminho para a verdadeira sabedoria. O doutor da Igreja não é o que acumula diplomas, mas o que se faz pequeno e aprende de Cristo. E foi isso que enxerguei nela: uma criança diante de Deus, que se tornou mestra para todos nós.

O senhor acredita que Santa Teresinha “escolhe” seus amigos espirituais? Como percebeu isso em sua vida? 

Padre: Esse mesmo bispo dizia: ‘Santa Teresinha é cabeçuda, ela escolhe seus amigos e insiste até que os alcança’. Foi exatamente isso que aconteceu comigo.

O que significa, na sua experiência, ser “irmão missionário” de Santa Teresinha?

Padre: Um dia, ao rezar com escritos de Teresinha, encontrei uma carta dela em que dizia: ‘Meu sonho era ter um irmão que fosse padre e se lembrasse de mim todos os dias no altar’. Tomei aquilo como resposta para mim. Desde então, celebro a missa lembrando dela, como seu irmão sacerdote.

Como foi a decisão de assumir a paróquia missionária no Pantanal em resposta ao desejo de Santa Teresinha?

Padre: Um dos sonhos dela era ter um irmão missionário. Então pedi ao bispo que me deixasse cuidar da paróquia mais pobre e missionária da diocese, no Pantanal. Por 11 anos fui pároco lá nos fins de semana. Era o modo de realizar o desejo de Teresinha.


O senhor poderia explicar por que considera que os acontecimentos de 1997 foram “providenciais” e não meras coincidências?

Padre: Não foram milagres no sentido estrito, mas sinais providenciais. Desde a rosa, passando pela proclamação dela como doutora da Igreja no Vaticano, quando justamente cantaram o versículo que eu havia recebido meses antes… Foram tantas pedras caindo no mesmo lugar que só podia ser a inteligência da Providência de Deus e a ação de Santa Teresinha.

Como foi finalmente visitar Lisieux e o que mais o tocou nessa peregrinação?

Padre: Durante muito tempo eu não tinha vontade de ir. Só fui porque minha mãe e família quiseram. Mas chegar lá foi como chegar em casa: era um lugar que eu já conhecia por dentro. O que mais me tocou não foi a Basílica nem o Carmelo, mas a casa dos Martin, onde aconteceu o ‘milagre de Natal’. Ao ver a lareira e a escada, reconheci o lugar e chorei. Foi como se aquilo que Santa Teresinha já tinha construído dentro de mim ganhasse forma visível. 

***

Se esta entrevista já lhe abriu uma janela para a grandeza de Santa Teresinha, imagine poder caminhar ainda mais fundo pelos mistérios de sua vida espiritual. O filme Teresinha, disponível na Lumine, convida você a percorrer, com ela, o caminho silencioso da Noite Escura — aquele tempo de provação em que sua fé foi purificada até se tornar puro abandono nas mãos de Deus.

Com testemunhos, reflexões da Madre Elizabeth e passagens de A História de uma Alma, o filme mostra não apenas a delicadeza de Santa Teresinha, mas sobretudo a firmeza interior de uma doutora da Igreja que fez da confiança em Deus o caminho de sua santidade.

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