6 Motivos Surpreendentes para Escolher o Filme Certo (e Transformar Sua Vida)
Por Rodrigo Simonsen
|
21.jan.2025
Midle Dot

Escolher bem nunca foi tão necessário – nem tão complicado.

As opções são infinitas. Nossa indecisão, também. Saltamos entre uma prévia e outra, entre um conteúdo e outro, entre um trailer e outro, para, ao final de tudo, dormirmos no sofá sem assistir nada e acordarmos com o peso na consciência pelo desperdício de um tempo que não voltará.

Por detrás dessa indecisão reside algo maior: a incapacidade de discernir o que realmente nos preenche. Saturados de estímulos, mas vazios de significado, tantas vezes viramos reféns de um algoritmo que joga contra nossa saúde mental, emocional e espiritual. Os streamings tradicionais parecem mais preocupados com uma atenção momentânea do que com nossas aspirações mais profundas.

E por que deveríamos nos preocupar com elas?

Porque nossas escolhas moldam não apenas nossos gostos, mas também quem nos tornamos.

Nenhuma escolha é neutra. Aquilo que consumimos preenche nossa mente, afeta nosso coração e, inevitavelmente, acaba por nos aproximar ou nos afastar do que é bom, belo, verdadeiro. Sabe aquele papo do Edmund Burke, de que a sociedade é um contrato entre os vivos, os mortos e os que ainda nascerão? Pois o que escolhemos faz parte desse contrato, na medida em que determina quem somos, quem seremos e aquilo que transmitiremos para a frente.

Por isso, escolher um filme é mais do que selecionar uma distração qualquer — é decidir o que queremos guardar na memória e no coração. Em meio ao caos das opções, há obras que transcendem o entretenimento e nos oferecem algo raro: uma visão mais clara da condição humana, um convite ao transcendente, uma pausa para contemplar o que é eterno.

Escolher bem é resistir à pressa e ao impulso do consumo vazio. É buscar aquilo que nos desafia, emociona e transforma.

Cada filme que escolhemos é uma semente plantada em nossa alma. Ele pode fortalecer o que há de melhor em nós ou alimentar nossa apatia. Escolher bem, então, é um ato de cuidado. Cuidado com o tempo que não volta, com os valores que queremos viver e com a pessoa que estamos nos tornando. Porque as histórias que escolhemos acompanhar ajudam a escrever a nossa própria.

Então que tal listarmos seis motivos para escolher o filme certo? Aqui vão eles:

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

1- A beleza aponta para o divino

Há uma razão pela qual somos atraídos pela beleza: ela nos fala de algo maior, algo que transcende o imediato e o banal. No cinema, a beleza aparece de muitas formas — na cadência de uma trilha sonora, na palavra perfeita do diálogo perfeito,  na grandiosidade das paisagens, no silêncio carregado de profundidade ou na poesia de uma fotografia que arrebata. Mas a verdadeira beleza não traz apenas um prazer estético; ela toca a alma. Ela aponta para o que é eterno.

Para Roger Scruton, a beleza é um eco do transcendente, um lembrete de que existe uma ordem divina por trás da aparente desordem do mundo. Quando escolhemos um filme que proporciona esses elementos de beleza, estamos nos abrindo para um diálogo com o que é maior que nós mesmos.

Já a Tradição católica nos ensina que a beleza é uma forma de revelação. Um reflexo de Deus, uma janela para o mistério. Quando nos deixamos impactar por imagens e histórias que celebram o belo, nossa alma se expande, nosso olhar se refina, nosso coração se eleva. Não é uma fuga da realidade, mas uma aproximação da verdade mais profunda que a sustenta.

Filmes que revelam a beleza — seja na simplicidade de uma amizade, na luta por redenção ou no triunfo do amor — nos recordam que o mundo ainda guarda lampejos da perfeição divina. Eles despertam em nós o desejo de algo maior, algo que o efêmero não pode satisfazer.

Escolher a beleza no cinema é, portanto, um ato de coragem e sabedoria. É dizer não ao vulgar e ao trivial, e sim ao que enriquece a alma. É uma forma de recordar que a beleza não é um detalhe da vida, mas um reflexo do próprio Criador.

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

2- Preservar o imaginário moral

O imaginário moral é a lente pela qual enxergamos o mundo, discernimos o bem e o mal, e tomamos decisões que moldam nossas vidas. Ele não é inato. É cultivado ao longo do tempo, influenciado pelas histórias que ouvimos, pelas imagens que vemos e pelas ideias que absorvemos. No cinema, cada filme contribui para a formação — ou deformação — desse imaginário.

Russell Kirk nos alertava que, sem um imaginário moral saudável, a civilização corre o risco de desmoronar. Porque, antes das leis e instituições, o que sustenta uma sociedade é a capacidade das pessoas de distinguir o justo do injusto, o belo do grotesco, o bom do medíocre.

Filmes que celebram a virtude, a verdade e o sacrifício fortalecem essa capacidade. Por outro lado, narrativas que glorificam o niilismo, a vulgaridade ou o relativismo moral corroem os alicerces de nossa visão do que é certo.

Preservar o imaginário moral não é apenas uma questão de gosto pessoal; é um dever para com a alma e a cultura. Quando escolhemos um filme, estamos escolhendo quais valores queremos reforçar em nós mesmos e no mundo ao nosso redor. Um bom filme, mesmo em meio ao conflito e à tragédia, não nos deixa na escuridão. Ele aponta para a luz — para o redentor, o restaurador, o que transcende.

O cinema, em sua melhor forma, é como um mito moderno. Ele nos ensina lições profundas por meio de histórias que ficam gravadas na memória. Escolher bem é, então, um gesto de responsabilidade. É investir em narrativas que preservem e alimentem o imaginário moral, garantindo que ele continue sendo uma força de edificação em um mundo que, muitas vezes, tenta nivelar tudo por baixo.

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3- Fortalecer o senso de comunidade

O cinema tem um poder único: ele une pessoas em torno de histórias compartilhadas. No escuro de uma sala de cinema ou no silêncio da sala de estar, dividimos risadas, lágrimas, suspiros e reflexões. E, nessas horas, um bom filme pode nos lembrar que nossas vidas não existem em isolamento, mas estão entrelaçadas pelas experiências que compartilhamos.

O senso de comunidade nasce quando nos reconhecemos no outro, quando percebemos que nossas lutas e esperanças não são apenas nossas. E essas histórias têm o poder de restaurar o que está enfraquecido: o desejo de pertencer, de caminhar junto, de carregar os fardos uns dos outros. Ao retratar amizades sinceras, famílias que se reerguem ou comunidades que enfrentam adversidades, elas nos mostram que é na relação com o outro que encontramos força e propósito.

Ao escolher filmes que celebram a comunidade, somos desafiados a confrontar uma verdade que muitas vezes preferimos ignorar: não fomos feitos para a solidão. Essas histórias desarmam a ilusão de autossuficiência que tantas vezes cultivamos e nos convidam a reconhecer que a verdadeira grandeza se encontra na relação com o outro. É no encontro que nossas vidas ganham forma.

Elas nos mostram que o amor — seja ele manifestado na amizade, na família ou na coletividade — é o único caminho para superar as adversidades mais profundas.

Não há vitória isolada que traga o mesmo sentido que a construção compartilhada. Quando assistimos sacrifícios que resgatam, perdoam ou edificam, essas histórias nos lembram que o “eu” só encontra sua plenitude no “nós”.

E mais: ao testemunhar esses exemplos, somos levados a pensar não apenas na nossa relação com os outros, mas também na relação com Deus, que nos chama à comunhão, não ao isolamento. Filmes que falam de comunidade falam, no fundo, do que há de mais essencial em nossa vocação humana: o chamado para amar e ser amado.

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4- Resistir à tirania do descartável

Tudo à volta parece ter prazo de validade. Notícias que envelhecem em minutos, opiniões que evaporam ao primeiro sinal de discordância e uma avalanche de conteúdos descartáveis que promete muito, mas entrega pouco. Essa cultura do imediato nos condiciona a viver sem raízes, saltando de um estímulo ao outro, sem nos aprofundarmos em nada que valha a pena.

O cinema, no entanto, pode ser uma resistência silenciosa a essa tirania. Escolher filmes que nos desafiem, que exijam nossa atenção plena e deixem marcas duradouras na alma é um gesto contracultural. Não é apenas assistir a uma história; é afirmar que nem tudo deve ser consumido e descartado feito aquele Prestobarba de duas lâminas. Há coisas que merecem ser contempladas, revisitadas e guardadas na memória.

Thomas Merton, o grande Thomas Merton, dizia que “A pressa nos afasta do que é eterno”. O cinema, quando bem escolhido, nos tira do ciclo da obsolescência programada — onde até nossos desejos são fabricados para expirar rapidamente — e nos convida a enxergar o que é perene, o que resiste ao tempo.

Um filme que exalta valores duradouros, que celebra a beleza, a verdade e o bem, é uma forma privilegiada de lutar contra a banalidade. Ele nos lembra que a vida não precisa ser um fluxo constante de novidades vazias. Podemos escolher o que edifica, o que nos conecta com o passado e aponta para o eterno.

Resistir ao descartável é uma forma de preservar a nossa própria humanidade. É reconhecer que aquilo que vale a pena nunca será fácil ou rápido, mas sempre será verdadeiro.

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5- Buscar esperança em meio à dor

A dor nos visita sem avisar. Ela invade o que somos, tira nossa visão do horizonte e, por um instante, nos faz acreditar que estamos sozinhos. Mas não estamos. A dor, por mais cruel que pareça, carrega algo em si: o convite a uma transformação que só ela pode iniciar.

No cinema, encontramos histórias que capturam essa verdade. Narrativas que não mascaram o sofrimento, mas que revelam o que pode nascer dele. Um bom filme nos lembra que a dor não é um vazio, mas um espaço onde a esperança começa a se erguer. Ele nos convida a enxergar além daquilo que parece irreparável e a acreditar, mesmo quando tudo à nossa volta grita o contrário.

A tradição cristã nos ensina que o sofrimento não é o fim — é um caminho. E filmes que retratam redenção, reconciliação e recomeço nos ajudam a reencontrar essa perspectiva. Eles falam de queda, mas também de levantar. De perda, mas também de reencontro. De finais amargos, mas nunca de finais absolutos.

Escolher histórias assim é um ato de coragem. É permitir que a esperança seja reacendida em meio ao desespero. É lembrar que, mesmo na mais profunda escuridão, há uma luz que nunca se apaga.

Filmes como esses não são apenas um alívio temporário; são companheiros na jornada. Eles nos ajudam a carregar a dor e a encontrar, nela, o princípio de algo novo.

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

6- Formar o olhar crítico

Um filme não é apenas uma história — é também uma forma de ver o mundo. Cada cena, diálogo e escolha estética carrega um ponto de vista, consciente ou não. Por isso, assistir a um filme com atenção é mais do que um ato passivo; é um exercício de discernimento. E em tempos de relativismo, esse é um exercício indispensável.

O olhar crítico não é o ceticismo que desacredita tudo, mas a habilidade de discernir o que é verdadeiro, bom e belo em meio ao que é confuso, banal ou manipulador.

Escolher filmes que desafiem nossa mente e nos tirem da zona de conforto é uma forma de afiar esse olhar. Eles nos ensinam a perguntar: o que essa história está dizendo sobre o homem, sobre a sociedade, sobre a verdade? E, ainda mais importante: ela está construindo algo ou apenas destruindo?

A formação do olhar crítico não é um luxo intelectual; é uma necessidade espiritual. É aprender a separar o trigo do joio, a distinguir o que alimenta daquilo que entorpece. Como dizia C.S. Lewis, “A mente precisa de treinamento para rejeitar o irreal e valorizar o que é verdadeiro”. Um bom filme não nos entrega respostas fáceis, mas nos convida a refletir, a buscar sentido e a questionar as ideias que moldam nossa cultura.

Assistir a um filme com esse nível de atenção não é apenas entretenimento — é educação da alma. Porque, no fim, aquilo que escolhemos ver não apenas reflete quem somos, mas também nos molda para quem estamos nos tornando. Um olhar crítico é a primeira linha de defesa contra o conformismo, e o cinema, quando bem escolhido, é uma ferramenta poderosa para formá-lo.

Nossa sorte é que a Lumine nos ajuda no processo, não?

Em tempos de excesso e superficialidade, escolher com critério é um gesto de atenção ao que verdadeiramente importa. Porque assistir a um filme não é apenas um passatempo; é uma decisão sobre como ocupamos o espaço mais precioso que temos: nossa alma. Aquilo que vemos e ouvimos não nos passa despercebido; ele constrói quem somos. E, como bem sabemos, boas histórias não transformam apenas uma noite — elas têm o poder de transformar uma vida.


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Escolher bem nunca foi tão necessário – nem tão complicado.

As opções são infinitas. Nossa indecisão, também. Saltamos entre uma prévia e outra, entre um conteúdo e outro, entre um trailer e outro, para, ao final de tudo, dormirmos no sofá sem assistir nada e acordarmos com o peso na consciência pelo desperdício de um tempo que não voltará.

Por detrás dessa indecisão reside algo maior: a incapacidade de discernir o que realmente nos preenche. Saturados de estímulos, mas vazios de significado, tantas vezes viramos reféns de um algoritmo que joga contra nossa saúde mental, emocional e espiritual. Os streamings tradicionais parecem mais preocupados com uma atenção momentânea do que com nossas aspirações mais profundas.

E por que deveríamos nos preocupar com elas?

Porque nossas escolhas moldam não apenas nossos gostos, mas também quem nos tornamos.

Nenhuma escolha é neutra. Aquilo que consumimos preenche nossa mente, afeta nosso coração e, inevitavelmente, acaba por nos aproximar ou nos afastar do que é bom, belo, verdadeiro. Sabe aquele papo do Edmund Burke, de que a sociedade é um contrato entre os vivos, os mortos e os que ainda nascerão? Pois o que escolhemos faz parte desse contrato, na medida em que determina quem somos, quem seremos e aquilo que transmitiremos para a frente.

Por isso, escolher um filme é mais do que selecionar uma distração qualquer — é decidir o que queremos guardar na memória e no coração. Em meio ao caos das opções, há obras que transcendem o entretenimento e nos oferecem algo raro: uma visão mais clara da condição humana, um convite ao transcendente, uma pausa para contemplar o que é eterno.

Escolher bem é resistir à pressa e ao impulso do consumo vazio. É buscar aquilo que nos desafia, emociona e transforma.

Cada filme que escolhemos é uma semente plantada em nossa alma. Ele pode fortalecer o que há de melhor em nós ou alimentar nossa apatia. Escolher bem, então, é um ato de cuidado. Cuidado com o tempo que não volta, com os valores que queremos viver e com a pessoa que estamos nos tornando. Porque as histórias que escolhemos acompanhar ajudam a escrever a nossa própria.

Então que tal listarmos seis motivos para escolher o filme certo? Aqui vão eles:

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1- A beleza aponta para o divino

Há uma razão pela qual somos atraídos pela beleza: ela nos fala de algo maior, algo que transcende o imediato e o banal. No cinema, a beleza aparece de muitas formas — na cadência de uma trilha sonora, na palavra perfeita do diálogo perfeito,  na grandiosidade das paisagens, no silêncio carregado de profundidade ou na poesia de uma fotografia que arrebata. Mas a verdadeira beleza não traz apenas um prazer estético; ela toca a alma. Ela aponta para o que é eterno.

Para Roger Scruton, a beleza é um eco do transcendente, um lembrete de que existe uma ordem divina por trás da aparente desordem do mundo. Quando escolhemos um filme que proporciona esses elementos de beleza, estamos nos abrindo para um diálogo com o que é maior que nós mesmos.

Já a Tradição católica nos ensina que a beleza é uma forma de revelação. Um reflexo de Deus, uma janela para o mistério. Quando nos deixamos impactar por imagens e histórias que celebram o belo, nossa alma se expande, nosso olhar se refina, nosso coração se eleva. Não é uma fuga da realidade, mas uma aproximação da verdade mais profunda que a sustenta.

Filmes que revelam a beleza — seja na simplicidade de uma amizade, na luta por redenção ou no triunfo do amor — nos recordam que o mundo ainda guarda lampejos da perfeição divina. Eles despertam em nós o desejo de algo maior, algo que o efêmero não pode satisfazer.

Escolher a beleza no cinema é, portanto, um ato de coragem e sabedoria. É dizer não ao vulgar e ao trivial, e sim ao que enriquece a alma. É uma forma de recordar que a beleza não é um detalhe da vida, mas um reflexo do próprio Criador.

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2- Preservar o imaginário moral

O imaginário moral é a lente pela qual enxergamos o mundo, discernimos o bem e o mal, e tomamos decisões que moldam nossas vidas. Ele não é inato. É cultivado ao longo do tempo, influenciado pelas histórias que ouvimos, pelas imagens que vemos e pelas ideias que absorvemos. No cinema, cada filme contribui para a formação — ou deformação — desse imaginário.

Russell Kirk nos alertava que, sem um imaginário moral saudável, a civilização corre o risco de desmoronar. Porque, antes das leis e instituições, o que sustenta uma sociedade é a capacidade das pessoas de distinguir o justo do injusto, o belo do grotesco, o bom do medíocre.

Filmes que celebram a virtude, a verdade e o sacrifício fortalecem essa capacidade. Por outro lado, narrativas que glorificam o niilismo, a vulgaridade ou o relativismo moral corroem os alicerces de nossa visão do que é certo.

Preservar o imaginário moral não é apenas uma questão de gosto pessoal; é um dever para com a alma e a cultura. Quando escolhemos um filme, estamos escolhendo quais valores queremos reforçar em nós mesmos e no mundo ao nosso redor. Um bom filme, mesmo em meio ao conflito e à tragédia, não nos deixa na escuridão. Ele aponta para a luz — para o redentor, o restaurador, o que transcende.

O cinema, em sua melhor forma, é como um mito moderno. Ele nos ensina lições profundas por meio de histórias que ficam gravadas na memória. Escolher bem é, então, um gesto de responsabilidade. É investir em narrativas que preservem e alimentem o imaginário moral, garantindo que ele continue sendo uma força de edificação em um mundo que, muitas vezes, tenta nivelar tudo por baixo.

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3- Fortalecer o senso de comunidade

O cinema tem um poder único: ele une pessoas em torno de histórias compartilhadas. No escuro de uma sala de cinema ou no silêncio da sala de estar, dividimos risadas, lágrimas, suspiros e reflexões. E, nessas horas, um bom filme pode nos lembrar que nossas vidas não existem em isolamento, mas estão entrelaçadas pelas experiências que compartilhamos.

O senso de comunidade nasce quando nos reconhecemos no outro, quando percebemos que nossas lutas e esperanças não são apenas nossas. E essas histórias têm o poder de restaurar o que está enfraquecido: o desejo de pertencer, de caminhar junto, de carregar os fardos uns dos outros. Ao retratar amizades sinceras, famílias que se reerguem ou comunidades que enfrentam adversidades, elas nos mostram que é na relação com o outro que encontramos força e propósito.

Ao escolher filmes que celebram a comunidade, somos desafiados a confrontar uma verdade que muitas vezes preferimos ignorar: não fomos feitos para a solidão. Essas histórias desarmam a ilusão de autossuficiência que tantas vezes cultivamos e nos convidam a reconhecer que a verdadeira grandeza se encontra na relação com o outro. É no encontro que nossas vidas ganham forma.

Elas nos mostram que o amor — seja ele manifestado na amizade, na família ou na coletividade — é o único caminho para superar as adversidades mais profundas.

Não há vitória isolada que traga o mesmo sentido que a construção compartilhada. Quando assistimos sacrifícios que resgatam, perdoam ou edificam, essas histórias nos lembram que o “eu” só encontra sua plenitude no “nós”.

E mais: ao testemunhar esses exemplos, somos levados a pensar não apenas na nossa relação com os outros, mas também na relação com Deus, que nos chama à comunhão, não ao isolamento. Filmes que falam de comunidade falam, no fundo, do que há de mais essencial em nossa vocação humana: o chamado para amar e ser amado.

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4- Resistir à tirania do descartável

Tudo à volta parece ter prazo de validade. Notícias que envelhecem em minutos, opiniões que evaporam ao primeiro sinal de discordância e uma avalanche de conteúdos descartáveis que promete muito, mas entrega pouco. Essa cultura do imediato nos condiciona a viver sem raízes, saltando de um estímulo ao outro, sem nos aprofundarmos em nada que valha a pena.

O cinema, no entanto, pode ser uma resistência silenciosa a essa tirania. Escolher filmes que nos desafiem, que exijam nossa atenção plena e deixem marcas duradouras na alma é um gesto contracultural. Não é apenas assistir a uma história; é afirmar que nem tudo deve ser consumido e descartado feito aquele Prestobarba de duas lâminas. Há coisas que merecem ser contempladas, revisitadas e guardadas na memória.

Thomas Merton, o grande Thomas Merton, dizia que “A pressa nos afasta do que é eterno”. O cinema, quando bem escolhido, nos tira do ciclo da obsolescência programada — onde até nossos desejos são fabricados para expirar rapidamente — e nos convida a enxergar o que é perene, o que resiste ao tempo.

Um filme que exalta valores duradouros, que celebra a beleza, a verdade e o bem, é uma forma privilegiada de lutar contra a banalidade. Ele nos lembra que a vida não precisa ser um fluxo constante de novidades vazias. Podemos escolher o que edifica, o que nos conecta com o passado e aponta para o eterno.

Resistir ao descartável é uma forma de preservar a nossa própria humanidade. É reconhecer que aquilo que vale a pena nunca será fácil ou rápido, mas sempre será verdadeiro.

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5- Buscar esperança em meio à dor

A dor nos visita sem avisar. Ela invade o que somos, tira nossa visão do horizonte e, por um instante, nos faz acreditar que estamos sozinhos. Mas não estamos. A dor, por mais cruel que pareça, carrega algo em si: o convite a uma transformação que só ela pode iniciar.

No cinema, encontramos histórias que capturam essa verdade. Narrativas que não mascaram o sofrimento, mas que revelam o que pode nascer dele. Um bom filme nos lembra que a dor não é um vazio, mas um espaço onde a esperança começa a se erguer. Ele nos convida a enxergar além daquilo que parece irreparável e a acreditar, mesmo quando tudo à nossa volta grita o contrário.

A tradição cristã nos ensina que o sofrimento não é o fim — é um caminho. E filmes que retratam redenção, reconciliação e recomeço nos ajudam a reencontrar essa perspectiva. Eles falam de queda, mas também de levantar. De perda, mas também de reencontro. De finais amargos, mas nunca de finais absolutos.

Escolher histórias assim é um ato de coragem. É permitir que a esperança seja reacendida em meio ao desespero. É lembrar que, mesmo na mais profunda escuridão, há uma luz que nunca se apaga.

Filmes como esses não são apenas um alívio temporário; são companheiros na jornada. Eles nos ajudam a carregar a dor e a encontrar, nela, o princípio de algo novo.

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6- Formar o olhar crítico

Um filme não é apenas uma história — é também uma forma de ver o mundo. Cada cena, diálogo e escolha estética carrega um ponto de vista, consciente ou não. Por isso, assistir a um filme com atenção é mais do que um ato passivo; é um exercício de discernimento. E em tempos de relativismo, esse é um exercício indispensável.

O olhar crítico não é o ceticismo que desacredita tudo, mas a habilidade de discernir o que é verdadeiro, bom e belo em meio ao que é confuso, banal ou manipulador.

Escolher filmes que desafiem nossa mente e nos tirem da zona de conforto é uma forma de afiar esse olhar. Eles nos ensinam a perguntar: o que essa história está dizendo sobre o homem, sobre a sociedade, sobre a verdade? E, ainda mais importante: ela está construindo algo ou apenas destruindo?

A formação do olhar crítico não é um luxo intelectual; é uma necessidade espiritual. É aprender a separar o trigo do joio, a distinguir o que alimenta daquilo que entorpece. Como dizia C.S. Lewis, “A mente precisa de treinamento para rejeitar o irreal e valorizar o que é verdadeiro”. Um bom filme não nos entrega respostas fáceis, mas nos convida a refletir, a buscar sentido e a questionar as ideias que moldam nossa cultura.

Assistir a um filme com esse nível de atenção não é apenas entretenimento — é educação da alma. Porque, no fim, aquilo que escolhemos ver não apenas reflete quem somos, mas também nos molda para quem estamos nos tornando. Um olhar crítico é a primeira linha de defesa contra o conformismo, e o cinema, quando bem escolhido, é uma ferramenta poderosa para formá-lo.

Nossa sorte é que a Lumine nos ajuda no processo, não?

Em tempos de excesso e superficialidade, escolher com critério é um gesto de atenção ao que verdadeiramente importa. Porque assistir a um filme não é apenas um passatempo; é uma decisão sobre como ocupamos o espaço mais precioso que temos: nossa alma. Aquilo que vemos e ouvimos não nos passa despercebido; ele constrói quem somos. E, como bem sabemos, boas histórias não transformam apenas uma noite — elas têm o poder de transformar uma vida.


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