Onde eu parei? Ah, sim, falava sobre como precisamos ser seduzidos, “capturados” e conquistados por uma obra de arte para vivermos uma experiência estética. Não tome como sinônimos, mas como etapas.
Quero tratar um pouco da fase da sedução, a começar pelo óbvio.
No caso do cinema, a sedução vem primeiro, despertando o interesse pelo filme a ser lançado com o trabalho de marketing e divulgação do título, da sinopse, do diretor, dos atores que atuarão, dos trailers, da data de estréia e por aí vai.
Se o espectador se convence e vai ao cinema ou escolhe assistir o filme, ainda não significa a captura e conquista citadas – algo que só a obra pode realizar de fato -, trata-se apenas da primeira etapa vencida: o espectador foi seduzido.
Reforço importante dessa fase vem da recomendação de quem gostou do filme ou daquele que parece entendido de cinema. Nesse caso, vai-se além do convencimento, predispondo o espectador a ter boa vontade, até se esforçar, mais do que desejar, para apreciar o que ainda não viu.
A sedução está consumada. Mas não significa que você tenha sido capturado ou conquistado. Não, aqui você está dando uma chance para o filme, apenas isso. A partir de agora criou-se uma expectativa que o filme precisa atender.
É onde queria chegar para poder falar do que talvez não seja tão óbvio, que é sobre essa fase quando se trata de um filme consagrado ou um clássico.
Para esses filmes, a expectativa é de mão dupla. Ou seja, não é apenas o filme que precisa “provar” ser merecedor de tanto, mas também o espectador teria de ser “capaz” de gostar.
Para muitos espectadores, essa expectativa sobre si se torna muito maior do que sobre o filme, parecendo “proibido” não gostar de algo supostamente tão bom, como se o errado fosse você.
“Como assim você não viu nada demais em O Poderoso Chefão?”
Se você é desses, provavelmente desistirá de assistir filmes clássicos ou antigos por se achar incapaz de “entendê-los”. Se não desistiu, certamente faz um esforço imenso para chegar ao fim e, em casos mais graves, talvez até minta para si dizendo que achou maravilhoso.
A verdade é que jamais voltará a assisti-lo de novo, o que é estranho, afinal, se é uma obra tão boa, por que não desejar revê-la, por que tratar como se fosse apenas algo que damos “check” na vida?
A solução para esse problema está no óbvio dito acima, é preciso retornar à fase da sedução, que, no caso dos clássicos ou consagrados, aconteceu de outra forma, por outra via. Não se trata apenas de assistir um filme, mas tem algo mais aí.
Para retornar ao ponto de partida, é preciso um exame de consciência prévio: por que razão você quis ou quer assistir um clássico?
Na sua resposta estará a “fase da sedução” e muitas vezes ela não tem nada a ver com o cinema, com a arte, com a beleza, mas com formação, vida intelectual, erudição.
Nada de errado com nenhuma dessas coisas, mas quando se trata de uma obra de arte, buscar nela formação, erudição etc., é a pior forma de experimentá-la. Tem até o efeito contrário, esterilizando a experiência estética e, no fim das contas, parecerá algo supérfluo.
Para ajudar a se colocar de fato no ponto de partida: Fellini dizia que o cinema é um modo divino de contar a vida. Se é assim, qual o modo em que devemos assisti-lo?
Onde eu parei? Ah, sim, falava sobre como precisamos ser seduzidos, “capturados” e conquistados por uma obra de arte para vivermos uma experiência estética. Não tome como sinônimos, mas como etapas.
Quero tratar um pouco da fase da sedução, a começar pelo óbvio.
No caso do cinema, a sedução vem primeiro, despertando o interesse pelo filme a ser lançado com o trabalho de marketing e divulgação do título, da sinopse, do diretor, dos atores que atuarão, dos trailers, da data de estréia e por aí vai.
Se o espectador se convence e vai ao cinema ou escolhe assistir o filme, ainda não significa a captura e conquista citadas – algo que só a obra pode realizar de fato -, trata-se apenas da primeira etapa vencida: o espectador foi seduzido.
Reforço importante dessa fase vem da recomendação de quem gostou do filme ou daquele que parece entendido de cinema. Nesse caso, vai-se além do convencimento, predispondo o espectador a ter boa vontade, até se esforçar, mais do que desejar, para apreciar o que ainda não viu.
A sedução está consumada. Mas não significa que você tenha sido capturado ou conquistado. Não, aqui você está dando uma chance para o filme, apenas isso. A partir de agora criou-se uma expectativa que o filme precisa atender.
É onde queria chegar para poder falar do que talvez não seja tão óbvio, que é sobre essa fase quando se trata de um filme consagrado ou um clássico.
Para esses filmes, a expectativa é de mão dupla. Ou seja, não é apenas o filme que precisa “provar” ser merecedor de tanto, mas também o espectador teria de ser “capaz” de gostar.
Para muitos espectadores, essa expectativa sobre si se torna muito maior do que sobre o filme, parecendo “proibido” não gostar de algo supostamente tão bom, como se o errado fosse você.
“Como assim você não viu nada demais em O Poderoso Chefão?”
Se você é desses, provavelmente desistirá de assistir filmes clássicos ou antigos por se achar incapaz de “entendê-los”. Se não desistiu, certamente faz um esforço imenso para chegar ao fim e, em casos mais graves, talvez até minta para si dizendo que achou maravilhoso.
A verdade é que jamais voltará a assisti-lo de novo, o que é estranho, afinal, se é uma obra tão boa, por que não desejar revê-la, por que tratar como se fosse apenas algo que damos “check” na vida?
A solução para esse problema está no óbvio dito acima, é preciso retornar à fase da sedução, que, no caso dos clássicos ou consagrados, aconteceu de outra forma, por outra via. Não se trata apenas de assistir um filme, mas tem algo mais aí.
Para retornar ao ponto de partida, é preciso um exame de consciência prévio: por que razão você quis ou quer assistir um clássico?
Na sua resposta estará a “fase da sedução” e muitas vezes ela não tem nada a ver com o cinema, com a arte, com a beleza, mas com formação, vida intelectual, erudição.
Nada de errado com nenhuma dessas coisas, mas quando se trata de uma obra de arte, buscar nela formação, erudição etc., é a pior forma de experimentá-la. Tem até o efeito contrário, esterilizando a experiência estética e, no fim das contas, parecerá algo supérfluo.
Para ajudar a se colocar de fato no ponto de partida: Fellini dizia que o cinema é um modo divino de contar a vida. Se é assim, qual o modo em que devemos assisti-lo?
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