7 filmes adaptados de Dostoiévski que você precisa conhecer

O russo Fiodor Dostoiévski é um dos grandes autores clássicos da literatura universal.

Suas obras fazem parte daquele seleto grupo de livros que sobreviveram ao tempo e continuam a encantar leitores das mais diferentes línguas e culturas.

Nessa condição, seria natural que títulos como Crime e castigo e Os irmãos Karamázov fossem objetos de várias adaptações cinematográficas, pois, desde o seu surgimento, o cinema é uma arte que se desenvolveu em contínuo diálogo com a literatura.

Pensando na qualidade cinematográfica das adaptações, selecionamos 7 filmes baseados na obra de Dostoiévski que estão disponíveis em nossa plataforma. Confira abaixo.

1. Crime e castigo (dir. Josef Von Sternberg, 1935)

Na história da literatura, Crime e castigo é um exemplo notável de investigação dos meandros mais obscuros da alma humana.

No cinema, uma das adaptações mais bem sucedidas do livro é esta de 1935, realizada por Josef Von Sternberg, que conseguiu imprimir uma atmosfera inquietante e sombria às cenas.

No papel principal, Peter Lorre interpreta magistralmente Raskolnikov, um estudante dono de uma inteligência notável, porém capaz de cometer um crime covarde e brutal.

Enquanto as investigações da polícia buscam o culpado, ele descobre que a maior punição pode estar dentro de si mesmo: entre os muros de sua própria consciência.

Crime e castigo é um drama fascinante e atemporal, que mostra as eternas disputas entre amor e ódio que existem no coração das pessoas.

2. O idiota (dir. Akira Kurosawa, 1951)

Um dos principais projetos do grande cineasta japonês Akira Kurosawa foi essa adaptação do livro O idiota, filme em que ele transpõe o romance de Dostoiévski para o contexto do Japão no período do pós-guerra, no final da década de 40.  

A trama acompanha Kameda, um homem de alma pura, cuja bondade ao mesmo tempo em que é rejeitada por muitos também é vista como uma exceção em um mundo desleal.

Na trama, esse ex-soldado traumatizado e com problemas mentais viaja a uma cidade onde se vê envolvido em um triângulo amoroso que terá um desenrolar trágico.

Sempre encontrando formas de representar na tela os labirintos de sentimentos da história, Kurosawa realiza neste filme um dos seus principais filmes.

3. Noites brancas (dir. Luchino Visconti, 1957)

O filme de Visconti é uma adaptação muito bonita do clássico conto de Dostoiévski, no qual um homem e uma mulher se encontram por acaso em uma cidade portuária e vivem um romance fadado ao fracasso.

O cineasta italiano conseguiu transmitir com fidelidade a atmosfera romântica e onírica do texto, captando tudo com uma elegante fotografia em preto e branco.

Os cenários foram construídos inteiramente dentro de estúdios, e Visconti não evita certa teatralidade nos gestos e nos diálogos. O objetivo dele é, mesmo, o de imprimir um ar ligeiramente artificial à história, para que o espectador se veja envolvido entre o sonho e a realidade.

O visual do filme é belíssimo e o protagonista vivido pelo astro Marcello Mastroiani é um dos grandes personagens da sua carreira.

4. Os irmãos Karamázov (dir. Richard Brooks, 1958)

Essa adaptação dos Irmãos Karamázov, escrita e dirigida por Richard Brooks, ilustra a história passional do livro com um bom poder de síntese e um tom bem humorado.

O cineasta inglês conseguiu sintetizar a substância do livro de Dostoiévski, focando sua história no conflito entre os pais e os irmãos, nascido a partir das diferentes visões de mundo que cada um possui.

Os personagens são sólidos, apoiados nas ótimas performances do elenco e na sua interação com os cenários grandiosos e bem construídos.

Seria muito difícil de repetir a profundidade do maior livro de Dostoiévski no formato de blockbuster, mas, com uma fotografia exuberante e uma trilha sonora contagiante, Os Irmãos Karamázov é um bom exemplo de como a grande literatura pode ser aproveitada no cinema.

5. O batedor de carteiras (dir. Robert Bresson, 1959)

O batedor de carteiras é uma livre adaptação de Crime e castigo. A história de um jovem criminoso que passa os dias roubando as carteiras das pessoas nas ruas de Paris.

Robert Bresson cria um filme conciso e elegante, enfatizando o conflito moral e espiritual que se desencadeia no interior do jovem.

Assim como no livro de Dostoiévski, o protagonista tenta justificar os seus atos com uma teoria segundo a qual existem homens que “estão acima da lei”. Mas, como na história original, a sua consciência acaba por condená-lo e ele é obrigado a enfrentar a culpa para poder se redimir.

Com um ritmo e uma direção exemplares, O batedor de carteiras é uma das mais belas adaptações de Dostoiévski, um estudo da condição humana e de sua relação com o sentimento de culpa e a graça.

6. A grande testemunha (dir. Robert Bresson, 1966)

A grande testemunha conta a história da vida e da morte de um burrinho chamado Balthasar.

Balthasar sofre uma série de mortificações nas mãos de indivíduos que o maltratam e o submetem a vários episódios de crueldade.

O filme também é livremente inspirado em O idiota, e o personagem principal é um símbolo da inocência e do amor ao próximo.

Bresson utiliza as imagens e o som de uma maneira extremamente particular e cria imagens que possuem uma forte carga simbólica.

Da sua infância à sua morte, é como se Balthazar simbolizasse a vida de Cristo: após uma infância feliz, ele adentra a vida adulta e, em vários capítulos que representam as estações do calvário, ele é preso, açoitado, ridicularizado e, por fim, morto.

A grande testemunha é a obra-prima desse cineasta que é um dos maiores da história do cinema. Um filme sensível, impactante e extremamente belo.

7. Os demônios (dir. Andrzej Wajda, 1988)

Em Os demônios, de 1988, o cineasta polonês Andrzej Wajda adapta o livro homônimo de Dostoiévski, que conta a história do grupo de jovens revolucionários russos que pretende reformar a sociedade mediante a destruição dos antigos valores e o emprego da violência.

A história dos revolucionários demonstra as consequências do niilismo que atingiu a sociedade russa no final do século XIX.

Os “demônios” do título referem-se, justamente, às ideias que “possuem” a cabeça dos jovens revolucionários; às forças invisíveis que destroem suas consciências individuais e os impelem a cometer atos de destruição e de violência.

Wajda capta muito bem o espírito do livro do Dostoiévski e constrói um filme com um visual deslumbrante e simbólico, fazendo com que os cenários, os figurinos e a relação entre as imagens adquiram significados específicos dentro da história. 

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