5 livros para conhecer mais sobre cinema

O que é o cinema? Quais as suas semelhanças e diferenças com outras artes? Do que é feito um bom filme? Que desafios os realizadores encontram nas gravações e fora delas?

Ao longo da história, perguntas como essas foram várias vezes elaboradas e, a cada tentativa de respondê-las, o pensamento sobre o cinema avançou e permitiu que novos aspectos dessa arte fossem elucidados e conhecidos.

Dessa maneira, livros sobre cinema se tornaram um meio de tornar nossas experiências com os filmes ainda mais enriquecedoras.

Pensando nisso, elaboramos uma lista de recomendações para quem deseja se aprofundar nesse campo.

Na seleção a seguir, encontram-se escritos de críticos e teóricos do cinema que investigam a natureza dessa arte, mas também livros em que diretores importantes revelam os bastidores de suas produções e sua maneira de refletir a respeito do que fazem.

São pontos de vista únicos que, somados, oferecem ao leitor novas maneiras de encarar os filmes assistidos. Boa leitura!

1. A arte do cinema: uma introdução – David Bordwell e Kristin Thompson

O livro do casal de estudiosos norte-americanos David Bordwell e Kristin Thompson se tornou uma referência no mundo inteiro quando o assunto é o estudo de cinema.

Traduzido para mais de 45 línguas, A arte do cinema: uma introdução aborda a sétima arte em todos os seus aspectos: artístico, técnico e industrial.

O estudo mostra como todos os elementos da linguagem e da técnica são empregados para criar sentido dentro dos filmes. Elementos como a atuação, o cenário, a montagem, a fotografia, o som, o uso da câmera. No livro, cada um deles aparece comentado em detalhes.

Além disso, o livro apresenta um breve resumo da história do cinema, uma explicação sobre os gêneros cinematográficos e um pequeno guia de como analisar e interpretar filmes.

2. O que é o cinema? – André Bazin

Considerado como o pai intelectual de uma geração de críticos e cineastas que viria a ficar conhecida como a Nouvelle vague, o francês André Bazin é, sem sombra de dúvidas, um dos críticos mais influentes de todos os tempos.

No centro das reflexões reunidas em O que é o cinema? está a questão do realismo, isto é, a capacidade do cinema de registrar e reproduzir o mundo.

Para Bazin, a invenção do cinema marca um ponto de virada na história da humanidade: nunca, em nenhuma outra arte, um grau tão elevado de apreensão das coisas fora alcançado.

Assim, em textos como “O mito do cinema total” e “Ontologia da imagem fotográfica”, Bazin tenta identificar a essência do cinema e também entrever o seu destino, as suas possibilidades.

Nesse sentido, o autor elabora reflexões que ainda hoje são referências a respeito, por exemplo, de um movimento artístico transformador como o neorrealismo italiano e também sobre as relações entre o cinema e outras artes, como a pintura e a literatura.

3. Hitchcock/Truffaut – François Truffaut

Embora hoje seja comum reconhecermos um filme como a criação de seu diretor, nem sempre foi assim. Por isso, numa época em que os cineastas não eram considerados como artistas, uma geração de apaixonados por cinema se dedicou a provar o contrário.

Entre eles, estava o crítico e cineasta francês François Truffaut, que teve a ideia de entrevistar Alfred Hitchcock para que o mestre do suspense revelasse os segredos por trás de seu trabalho.

Até então, Hitchcock era visto como um mero fabricador de filmes, alguns bem sucedidos financeiramente, mas nada além disso. A longa entrevista seria assim uma maneira de apresentar ao mundo o gênio que, aos olhos de Truffaut, tantos erravam em subestimar.

A missão foi bem sucedida: à luz dos comentários contidos no livro, os filmes de Hitchcock passaram a ser cada vez mais reverenciados e o cineasta foi elevado ao panteão dos maiores artistas do seu meio. Por motivos assim, não é exagero dizer que Hitchcock/Truffaut mudou a história do cinema. Além disso, a conversa entre o mestre e seu discípulo permanece como uma das mais belas aulas já proferidas sobre o assunto.

4. Esculpir o tempo – Andrei Tarkovski

Andrei Tarkovski foi um dos grandes cineastas da história. Além de ter produzido filmes com um estilo único, Tarkovski também meditou bastante a respeito do fazer artístico. O resultado de suas reflexões está em Esculpir o tempo.

Neste livro, o cineasta apresenta a sua visão particular do papel que o cinema exerce dentro da cultura e explica quais eram os ideais que um cineasta deveria ter em mente quando realizasse seus filmes.

Merecem destaque as ideias que Tarkovski apresenta a respeito do tempo, de como explorar o espaço em um filme, do significado das imagens, da criação de símbolos e a sua abordagem da narrativa cinematográfica.

Além disso, Esculpir o tempo é um grande complemento à obra do diretor, pois ele explica várias das ideias que motivaram a realização dos seus filmes.

5. Notas sobre o cinematógrafo – Robert Bresson

Assim como Tarkovski, o francês Robert Bresson foi um cineasta que criou um estilo particular e inconfundível. Não é à toa que ele era o cineasta favorito do diretor russo.

As Notas sobre o cinematógrafo são um conjunto de aforismos no qual o diretor de Pickpocket e Diário de um pároco de aldeia expõe a sua visão a respeito de como deve ser feito um filme: ele aborda assuntos como a composição dos planos, o uso do som, a direção dos atores, a criação das sequências.

Os aforismos são sintéticos e talvez o livro não possa ser considerado um livro introdutório. Contudo, compreender a visão de Bresson é fundamental porque ela funciona como um contraponto a uma visão do cinema produzido apenas como um meio de entretenimento. O cineasta é conhecido sobretudo por sua sobriedade artística. 

Bresson é um grande exemplo de um autor que foi fiel à sua própria visão da arte e, assim como o livro de Tarkovski era um complemento à sua obra, as Notas sobre o cinematógrafo também funcionam como um completo à compreensão da arte do próprio Bresson.  

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