No universo do cinema, poucos nomes carregam tanto peso quanto Robert Bresson. Cineasta francês, católico e dono de uma estética única, Bresson é frequentemente chamado de “o Dostoiévski do cinema”. E não é à toa. Assim como o escritor russo mergulhou nas zonas mais profundas da alma humana, Bresson usou a câmera como instrumento de revelação interior.
Mais que um diretor de filmes conceituais, ele foi um mestre na arte de trazer profundidade para o visual. E, por isso, sua obra não apenas influenciou gerações de cineastas, mas também moldou as bases do que hoje chamamos de cinema moderno.
Confira abaixo tudo o que você precisa saber sobre um dos maiores artistas do século XX:
Robert Bresson nasceu em 25 de setembro de 1901, na pequena cidade de Bromont-Lamothe, na região central da França. Vindo de uma família burguesa católica, cresceu em um ambiente marcado por uma educação rígida e valores tradicionais, que deixariam marcas profundas em sua sensibilidade artística e espiritual.
Antes de entrar no cinema, Bresson estudou filosofia e belas-artes. Durante um tempo, dedicou-se também à pintura, onde refinou seu olhar e aprendeu técnicas, como a composição da imagem, o espaço, a luz e a sutileza dos elementos, que seriam usados anos depois em seus filmes.
Mas foi após a experiência da Segunda Guerra Mundial que sua obra começou a tomar forma com mais nitidez. Durante o conflito, Bresson foi capturado e feito prisioneiro pelos alemães. Passou cerca de um ano num campo de concentração. Essa vivência dura e desumanizadora parece ter reforçado nele a convicção de que a arte não deveria distrair, mas revelar.
A verdade, para ele, não estava no espetáculo, mas naquilo que permanece quando tudo o mais é retirado.
Ele estreou no cinema em 1943 com o filme Les Anges du péché (Os Anjos do Pecado), uma história sobre redenção ambientada em um convento. Mas foi com Diário de um Pároco de Aldeia (1951), adaptação do romance de Georges Bernanos, que sua linguagem começou a ganhar o rigor pelo qual se tornaria conhecido.
A partir daí, Bresson percorreu um caminho solitário. Trabalhou com enorme lentidão — ao todo, dirigiu apenas 13 filmes em quase 40 anos de carreira —, sempre com total controle criativo e resistência aos modismos do mercado.
Ele era avesso à publicidade, fugia de entrevistas e vivia de forma discreta, quase monástica. Suas aparições públicas eram raras e sua postura era a de um homem que sabia que tinha algo importante a dizer, mas que dizia apenas quando necessário.
Bresson morreu em 18 de dezembro de 1999, aos 98 anos, em Paris. Até o fim, permaneceu fiel à sua visão de cinema como arte espiritual, deixando um legado à primeira vista modesto, mas que marcaria gerações.
O cinema de Bresson é como um retiro espiritual filmado. Nada sobra, nada falta. Tudo é construído com um rigor que chega a ser desconcertante. Ele não usava atores profissionais, mas sim pessoas comuns, que eram orientadas a não interpretar. Seus diálogos são secos, suas expressões, neutras, e seus planos, muitas vezes fragmentados. Mas é justamente nesse aparente despojamento que mora a força de seu cinema.
Bresson acreditava que o excesso de atuação, de trilha sonora, de “beleza plástica” tirava o cinema do seu verdadeiro propósito. Para ele, era preciso reduzir ao essencial para que a alma pudesse emergir. Seus filmes não querem explicar nada, querem “apenas” provocar uma experiência. E muitas vezes essa experiência não admite ser reduzida às linhas de um roteiro.
Mas, afinal, por que Robert Bresson é considerado um dos pilares do chamado cinema moderno? Para compreender isso, é preciso antes entender o que esse termo representa. O cinema moderno surgiu como uma resposta ao esgotamento das fórmulas narrativas clássicas: uma época marcada por histórias lineares, atuações teatrais e finais autoexplicativos.
Em oposição a esse modelo, alguns cineastas passaram a deixar de lado a rigidez dos roteiros para mostrar a vida como ela de fato é. O espectador deixou de ser conduzido e passou a ser interpelado. E nessa nova forma de fazer cinema, três nomes se tornaram fundamentais: Roberto Rossellini, que fez nascer o cinema moderno; André Bazin, que intuiu a essência dessa nova linguagem; e Bresson, que a levou ao seu estado mais puro.
Adotando esse estilo primoroso, sem nunca recorrer à estética religiosa convencional, a espiritualidade em Bresson é densa e irrecusável. Seus filmes tratam de queda, culpa, graça e redenção, sem jamais recorrer ao sentimentalismo. Ele próprio dizia: “meus filmes são religiosos na medida em que eu sou”. E era. Em sua visão, o cinema deveria ser mais do que entretenimento ou discurso: deveria ser um gesto de contemplação e um espaço de epifania. Por isso, mesmo com apenas 13 filmes em quase 40 anos de carreira, Bresson permanece como um dos artistas mais cruciais do século XX.
O artigo chegou ao fim. Mas, como amante do cinema, o seu interesse pelo legado do Bresson não deve parar por aqui.
Se você quer ir além e estudar a história do cinema como ela deve ser estudada — de forma bela, profunda e séria, nós te damos o chão para você dar o próximo passo:
Com mais de 400 páginas por volume, capa dura e acabamento premium,
A Conversão do Olhar é uma leitura inédita e surpreendente da história do cinema, que resgata a profundidade da arte de ver e fazer filmes.
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No universo do cinema, poucos nomes carregam tanto peso quanto Robert Bresson. Cineasta francês, católico e dono de uma estética única, Bresson é frequentemente chamado de “o Dostoiévski do cinema”. E não é à toa. Assim como o escritor russo mergulhou nas zonas mais profundas da alma humana, Bresson usou a câmera como instrumento de revelação interior.
Mais que um diretor de filmes conceituais, ele foi um mestre na arte de trazer profundidade para o visual. E, por isso, sua obra não apenas influenciou gerações de cineastas, mas também moldou as bases do que hoje chamamos de cinema moderno.
Confira abaixo tudo o que você precisa saber sobre um dos maiores artistas do século XX:
Robert Bresson nasceu em 25 de setembro de 1901, na pequena cidade de Bromont-Lamothe, na região central da França. Vindo de uma família burguesa católica, cresceu em um ambiente marcado por uma educação rígida e valores tradicionais, que deixariam marcas profundas em sua sensibilidade artística e espiritual.
Antes de entrar no cinema, Bresson estudou filosofia e belas-artes. Durante um tempo, dedicou-se também à pintura, onde refinou seu olhar e aprendeu técnicas, como a composição da imagem, o espaço, a luz e a sutileza dos elementos, que seriam usados anos depois em seus filmes.
Mas foi após a experiência da Segunda Guerra Mundial que sua obra começou a tomar forma com mais nitidez. Durante o conflito, Bresson foi capturado e feito prisioneiro pelos alemães. Passou cerca de um ano num campo de concentração. Essa vivência dura e desumanizadora parece ter reforçado nele a convicção de que a arte não deveria distrair, mas revelar.
A verdade, para ele, não estava no espetáculo, mas naquilo que permanece quando tudo o mais é retirado.
Ele estreou no cinema em 1943 com o filme Les Anges du péché (Os Anjos do Pecado), uma história sobre redenção ambientada em um convento. Mas foi com Diário de um Pároco de Aldeia (1951), adaptação do romance de Georges Bernanos, que sua linguagem começou a ganhar o rigor pelo qual se tornaria conhecido.
A partir daí, Bresson percorreu um caminho solitário. Trabalhou com enorme lentidão — ao todo, dirigiu apenas 13 filmes em quase 40 anos de carreira —, sempre com total controle criativo e resistência aos modismos do mercado.
Ele era avesso à publicidade, fugia de entrevistas e vivia de forma discreta, quase monástica. Suas aparições públicas eram raras e sua postura era a de um homem que sabia que tinha algo importante a dizer, mas que dizia apenas quando necessário.
Bresson morreu em 18 de dezembro de 1999, aos 98 anos, em Paris. Até o fim, permaneceu fiel à sua visão de cinema como arte espiritual, deixando um legado à primeira vista modesto, mas que marcaria gerações.
O cinema de Bresson é como um retiro espiritual filmado. Nada sobra, nada falta. Tudo é construído com um rigor que chega a ser desconcertante. Ele não usava atores profissionais, mas sim pessoas comuns, que eram orientadas a não interpretar. Seus diálogos são secos, suas expressões, neutras, e seus planos, muitas vezes fragmentados. Mas é justamente nesse aparente despojamento que mora a força de seu cinema.
Bresson acreditava que o excesso de atuação, de trilha sonora, de “beleza plástica” tirava o cinema do seu verdadeiro propósito. Para ele, era preciso reduzir ao essencial para que a alma pudesse emergir. Seus filmes não querem explicar nada, querem “apenas” provocar uma experiência. E muitas vezes essa experiência não admite ser reduzida às linhas de um roteiro.
Mas, afinal, por que Robert Bresson é considerado um dos pilares do chamado cinema moderno? Para compreender isso, é preciso antes entender o que esse termo representa. O cinema moderno surgiu como uma resposta ao esgotamento das fórmulas narrativas clássicas: uma época marcada por histórias lineares, atuações teatrais e finais autoexplicativos.
Em oposição a esse modelo, alguns cineastas passaram a deixar de lado a rigidez dos roteiros para mostrar a vida como ela de fato é. O espectador deixou de ser conduzido e passou a ser interpelado. E nessa nova forma de fazer cinema, três nomes se tornaram fundamentais: Roberto Rossellini, que fez nascer o cinema moderno; André Bazin, que intuiu a essência dessa nova linguagem; e Bresson, que a levou ao seu estado mais puro.
Adotando esse estilo primoroso, sem nunca recorrer à estética religiosa convencional, a espiritualidade em Bresson é densa e irrecusável. Seus filmes tratam de queda, culpa, graça e redenção, sem jamais recorrer ao sentimentalismo. Ele próprio dizia: “meus filmes são religiosos na medida em que eu sou”. E era. Em sua visão, o cinema deveria ser mais do que entretenimento ou discurso: deveria ser um gesto de contemplação e um espaço de epifania. Por isso, mesmo com apenas 13 filmes em quase 40 anos de carreira, Bresson permanece como um dos artistas mais cruciais do século XX.
O artigo chegou ao fim. Mas, como amante do cinema, o seu interesse pelo legado do Bresson não deve parar por aqui.
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