Lançado em 1957, 12 homens e uma sentença foi a brilhante estreia do diretor Sidney Lumet em longas-metragens.
Essa adaptação de uma peça de teatro de Reginald Rose é uma aula de ritmo e de condução narrativa, que merecidamente recebeu 3 indicações ao Oscar, inclusive na categoria de melhor filme.
Em 12 homens e uma sentença, cada uma das escolhas feitas pelo cineasta contribui para que o filme adquira a beleza de um teorema.
Pois, à medida que a narrativa se desenvolve, é como se nós assistíssemos a uma verdade que vai sendo gradativamente revelada.
Confira abaixo uma análise dos primeiros minutos do filme, quando os fundamentos da trama se estabelecem, e descubra agora alguns dos segredos escondidos nesse clássico.
Filmada de baixo para cima, aparece a imponente fachada do tribunal.
Nesta imagem de abertura, o filme já introduz um dos seus temas principais: a relação entre os homens e as instituições, ou como elas sobrevivem apesar das falhas de quem as ocupa.
Na sequência, dentro do prédio, vemos o júri escutando as palavras de um juiz de voz e semblante cansados. Então ele informa a todos a tarefa a ser cumprida:
Os jurados terão que decidir se o réu é culpado ou inocente do assassinato de seu próprio pai.
Antes de dirigirem-se para a sala em que debaterão o tema, todos observam pela última vez o rosto do homem cujo destino eles têm nas mãos.
A imagem a seguir não é qualquer uma.
Pela única vez, o filme revela a face do acusado: um jovem de expressão opaca.
O que o seu olhar transmite?
O que projetamos nele?
O que sua aparência nos faz imaginar?
Perguntas como essas devem passar pela cabeça dos membros do júri naquele momento, nos poucos instantes que restam antes de serem trancados na sala ao lado.
Os 12 homens não se conhecem. No filme, eles também não têm nomes: todos são identificados apenas por números.
De início, eles interagem de forma tímida, fazendo comentários banais a respeito da cidade e da temperatura do dia – “o mais quente do ano”, afirma um.
Assim, tal como antes nós éramos levados a tentar adivinhar quem era o réu, agora começamos a refletir sobre quem são aqueles homens que observamos. Logo vamos descobrir que, nesse filme, o que também está em julgamento são eles mesmos e a consciência de cada um.
Nos primeiros 7 minutos dentro da sala, a ação dos personagens é filmada por meio de um plano-sequência. Isto é: a cena acontece de uma vez só, sem cortes.
Tal recurso, ao mesmo tempo em que apresenta o espaço no qual toda a ação irá se desenrolar, sugere também que, até ali, aqueles homens formam apenas um conjunto de pessoas. Ainda não os vemos como indivíduos.
Suas ideias, biografias, profissões, preconceitos, tudo o que os diferencia ainda não veio à tona. Mas, quando eles sentarem-se àquela mesa, isso começará a mudar.
Um desses homens está em pé, separado dos outros, pensativo, até ser chamado para se juntar aos demais.
Acontece então o primeiro corte da cena.
Esse corte estabelece a diferença inicial entre esse personagem e todos os outros. É um recurso que anuncia a cisão, a ruptura que não tardará a acontecer:
11 homens votarão pela condenação do réu, mas um dirá o contrário.
Ele, o Jurado Número 8, não está convencido de que o rapaz de olhar enigmático é o assassino. Por isso, vota por sua Inocência, divergindo de todo o resto.
Para aquele homem, uma vida está em jogo. Então é preciso agir com prudência e ter plena certeza da decisão a tomar, pois ninguém poderá voltar atrás.
Assim, quando o Jurado Número 8 levanta a mão contra a maioria dos homens que estão na sala, ele tem pela frente o desafio de convencê-los a reconsiderar os seus votos.
Será que um único indivíduo é capaz de relembrar aos outros o verdadeiro sentido da missão que lhes foi conferida? Será que a Justiça prevalecerá?
Jurado nº 8
***
12 homens e uma sentença está disponível na Lumine, a plataforma de filmes que inspira a bondade, a beleza e a verdade.
Lançado em 1957, 12 homens e uma sentença foi a brilhante estreia do diretor Sidney Lumet em longas-metragens.
Essa adaptação de uma peça de teatro de Reginald Rose é uma aula de ritmo e de condução narrativa, que merecidamente recebeu 3 indicações ao Oscar, inclusive na categoria de melhor filme.
Em 12 homens e uma sentença, cada uma das escolhas feitas pelo cineasta contribui para que o filme adquira a beleza de um teorema.
Pois, à medida que a narrativa se desenvolve, é como se nós assistíssemos a uma verdade que vai sendo gradativamente revelada.
Confira abaixo uma análise dos primeiros minutos do filme, quando os fundamentos da trama se estabelecem, e descubra agora alguns dos segredos escondidos nesse clássico.
Filmada de baixo para cima, aparece a imponente fachada do tribunal.
Nesta imagem de abertura, o filme já introduz um dos seus temas principais: a relação entre os homens e as instituições, ou como elas sobrevivem apesar das falhas de quem as ocupa.
Na sequência, dentro do prédio, vemos o júri escutando as palavras de um juiz de voz e semblante cansados. Então ele informa a todos a tarefa a ser cumprida:
Os jurados terão que decidir se o réu é culpado ou inocente do assassinato de seu próprio pai.
Antes de dirigirem-se para a sala em que debaterão o tema, todos observam pela última vez o rosto do homem cujo destino eles têm nas mãos.
A imagem a seguir não é qualquer uma.
Pela única vez, o filme revela a face do acusado: um jovem de expressão opaca.
O que o seu olhar transmite?
O que projetamos nele?
O que sua aparência nos faz imaginar?
Perguntas como essas devem passar pela cabeça dos membros do júri naquele momento, nos poucos instantes que restam antes de serem trancados na sala ao lado.
Os 12 homens não se conhecem. No filme, eles também não têm nomes: todos são identificados apenas por números.
De início, eles interagem de forma tímida, fazendo comentários banais a respeito da cidade e da temperatura do dia – “o mais quente do ano”, afirma um.
Assim, tal como antes nós éramos levados a tentar adivinhar quem era o réu, agora começamos a refletir sobre quem são aqueles homens que observamos. Logo vamos descobrir que, nesse filme, o que também está em julgamento são eles mesmos e a consciência de cada um.
Nos primeiros 7 minutos dentro da sala, a ação dos personagens é filmada por meio de um plano-sequência. Isto é: a cena acontece de uma vez só, sem cortes.
Tal recurso, ao mesmo tempo em que apresenta o espaço no qual toda a ação irá se desenrolar, sugere também que, até ali, aqueles homens formam apenas um conjunto de pessoas. Ainda não os vemos como indivíduos.
Suas ideias, biografias, profissões, preconceitos, tudo o que os diferencia ainda não veio à tona. Mas, quando eles sentarem-se àquela mesa, isso começará a mudar.
Um desses homens está em pé, separado dos outros, pensativo, até ser chamado para se juntar aos demais.
Acontece então o primeiro corte da cena.
Esse corte estabelece a diferença inicial entre esse personagem e todos os outros. É um recurso que anuncia a cisão, a ruptura que não tardará a acontecer:
11 homens votarão pela condenação do réu, mas um dirá o contrário.
Ele, o Jurado Número 8, não está convencido de que o rapaz de olhar enigmático é o assassino. Por isso, vota por sua Inocência, divergindo de todo o resto.
Para aquele homem, uma vida está em jogo. Então é preciso agir com prudência e ter plena certeza da decisão a tomar, pois ninguém poderá voltar atrás.
Assim, quando o Jurado Número 8 levanta a mão contra a maioria dos homens que estão na sala, ele tem pela frente o desafio de convencê-los a reconsiderar os seus votos.
Será que um único indivíduo é capaz de relembrar aos outros o verdadeiro sentido da missão que lhes foi conferida? Será que a Justiça prevalecerá?
Jurado nº 8
***
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