O sentido da Semana Santa na nossa vida cotidiana
Por Matheus Bazzo
|
10.abr.2022
Midle Dot

A política, a economia, a cultura, a situação do país, tudo isso toma a nossa atenção diariamente. Por excesso de estímulo e por desatenção nossa, essas coisas tomam o centro das nossas preocupações.

A Semana Santa começa no Domingo de Ramos e, com ela, somos convidados a reposicionar essas coisas em seu devido lugar, voltando nossos olhos para o que realmente importa. O Domingo de Ramos é um convite para colocarmos nossa casa interior em ordem.

Esse convite é tão radical que, ao longo da quaresma, todas as imagens sagradas são escondidas por um pano roxo. Durante a quaresma, nós não vemos as imagens dos santos, de Nossa Senhora e até de Jesus Cristo. Dentro dos vários significados que esse costume acarreta, penso que existe um todo particular. É a ideia de que nem mesmo as imagens sacras devem ocupar nossa mente de maneira desordenada. É um convite para que busquemos essas imagens não mais no mundo exterior, mas dentro de nós. Se é assim com as imagens que representam o Divino, o que devemos pensar então a respeito de tantos outros assuntos que tomam conta das nossas preocupações? As próximas eleições, o embate político, a guerra, etc., tudo isso é menor do que a sacralidade das nossas imagens e mesmo assim muitas vezes colocamos esses assuntos menores no centro de nossas vidas.

É claro que essas coisas tem o seu lugar e são dignas da nossa atenção de algum modo. Mas a pergunta que devemos fazer é: qual a hierarquia de valor para essas coisas? A Semana Santa é um grito pela hierarquia de todas as coisas. Esse grito começa no Evangelho que lemos no Domingo de Ramos. É nesse Evangelho que somos colocados diante da frustrante constatação de que Jesus Cristo não veio fazer uma mudança política, econômica ou cultural. Ali finalmente somos colocados diante do real objetivo de Nosso Senhor: morrer por nós sendo vítima. Ora, as preocupações do povo judeu da época estavam voltadas para uma nova revolução política, cultural e religiosa que poderia se desencadear a qualquer momento. Isso era o centro da sua atenção e das suas empreitadas. 

Deus vem e nos mostra outro caminho.

Dentro de toda conjuntura política e econômica de Sua época, ele decide não se revoltar e exercer seu poder — que seria legítimo. Ele decide abrir um novo caminho no coração do homem. O caminho da aceitação do sofrimento por amor ao próximo. Esse caminho é a grande Boa Nova. Em certo sentido, Deus nos mostra que pode haver mais honra em sofrer por amor com as decisões tirânicas dos políticos do que em lutar radicalmente contra elas. Nada na história da humanidade foi tão inovador quanto a morte de Jesus Cristo na Cruz. Essa morte inaugura uma nova existência, uma nova possibilidade de viver e, por consequência, uma nova hierarquia.

O psicólogo canadense Jordan Peterson explica que estabelecemos uma hierarquia quando dizemos não para tudo aquilo que está mais abaixo da cadeia de importância para nossa vida. Essa nova hierarquia que Jesus Cristo estabelece nos obriga a dizer muitos “nãos”. Basta olhar para a nossa vida e perceber quanto tempo perdemos dando atenção ao que não importa. 

É esse risco de dar atenção ao que não importa que não queremos correr aqui na Lumine. Tudo que fazemos tem como único objetivo ajudar nossos espectadores a voltar seu olhar ao que realmente tem valor. 

Pode parecer inapropriado que um texto de uma empresa tenha a ousadia de falar da Semana Santa tão intimamente, porém, nossa vocação católica permite que façamos uma convocação muito especial. A Lumine é uma empresa que nasceu com um sonho que não é nem grande nem pequeno. Grande e pequeno são adjetivos necessários para mensurar as quantidades do mundo.

A Lumine nasceu com um sonho que não pode ser quantificado e que tudo a ver com a Semana Santa: inspirar os valores do catolicismo e aprofundar os dramas humanos através da beleza do cinema.

Nossa primeira produção já encarnava esse sonho. Na série Filhos de Cister — nosso primeiro conteúdo original — nós apresentamos a vida de uma pequena comunidade monástica que vivia sua vida voltada para Deus. O maior resultado dessa produção não foi em número de clientes, faturamento, lucro — vocabulário estéril, ainda que necessário para a condução de uma empresa. O maior resultado dela foram as vocações que a série despertou: assistindo a Filhos de Cister, algumas pessoas sentiram-se chamadas à vida monástica e estão lá até hoje.

Por isso o nosso sonho não é grande e nem pequeno. O nosso sonho é real desde a primeira vez em que colocamos o pé no mundo. Toda Semana Santa vem nos colocar novamente diante do nosso sonho e atestar que ele é o nosso verdadeiro chamado.

É por isso que você nunca verá o rosto de um político em nenhuma das nossas comunicações. Nem para criticar, nem para favorecer. Se fizéssemos isso, estaríamos traindo o nosso sonho. Se fizéssemos isso, estaríamos sendo como o povo que gritou para salvar Barrabás e condenar a Cristo. Por esperar uma revolução política, aquele povo precisava desesperadamente de um bode expiatório para seus anseios. A verdadeira ordem das coisas se apresenta para nós quando entendemos que não há bode expiatório nenhum. Quando compreendemos que, no lugar do bode expiatório, existe um Cordeiro inocente.

É para ele que devemos voltar o nosso olhar.

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A política, a economia, a cultura, a situação do país, tudo isso toma a nossa atenção diariamente. Por excesso de estímulo e por desatenção nossa, essas coisas tomam o centro das nossas preocupações.

A Semana Santa começa no Domingo de Ramos e, com ela, somos convidados a reposicionar essas coisas em seu devido lugar, voltando nossos olhos para o que realmente importa. O Domingo de Ramos é um convite para colocarmos nossa casa interior em ordem.

Esse convite é tão radical que, ao longo da quaresma, todas as imagens sagradas são escondidas por um pano roxo. Durante a quaresma, nós não vemos as imagens dos santos, de Nossa Senhora e até de Jesus Cristo. Dentro dos vários significados que esse costume acarreta, penso que existe um todo particular. É a ideia de que nem mesmo as imagens sacras devem ocupar nossa mente de maneira desordenada. É um convite para que busquemos essas imagens não mais no mundo exterior, mas dentro de nós. Se é assim com as imagens que representam o Divino, o que devemos pensar então a respeito de tantos outros assuntos que tomam conta das nossas preocupações? As próximas eleições, o embate político, a guerra, etc., tudo isso é menor do que a sacralidade das nossas imagens e mesmo assim muitas vezes colocamos esses assuntos menores no centro de nossas vidas.

É claro que essas coisas tem o seu lugar e são dignas da nossa atenção de algum modo. Mas a pergunta que devemos fazer é: qual a hierarquia de valor para essas coisas? A Semana Santa é um grito pela hierarquia de todas as coisas. Esse grito começa no Evangelho que lemos no Domingo de Ramos. É nesse Evangelho que somos colocados diante da frustrante constatação de que Jesus Cristo não veio fazer uma mudança política, econômica ou cultural. Ali finalmente somos colocados diante do real objetivo de Nosso Senhor: morrer por nós sendo vítima. Ora, as preocupações do povo judeu da época estavam voltadas para uma nova revolução política, cultural e religiosa que poderia se desencadear a qualquer momento. Isso era o centro da sua atenção e das suas empreitadas. 

Deus vem e nos mostra outro caminho.

Dentro de toda conjuntura política e econômica de Sua época, ele decide não se revoltar e exercer seu poder — que seria legítimo. Ele decide abrir um novo caminho no coração do homem. O caminho da aceitação do sofrimento por amor ao próximo. Esse caminho é a grande Boa Nova. Em certo sentido, Deus nos mostra que pode haver mais honra em sofrer por amor com as decisões tirânicas dos políticos do que em lutar radicalmente contra elas. Nada na história da humanidade foi tão inovador quanto a morte de Jesus Cristo na Cruz. Essa morte inaugura uma nova existência, uma nova possibilidade de viver e, por consequência, uma nova hierarquia.

O psicólogo canadense Jordan Peterson explica que estabelecemos uma hierarquia quando dizemos não para tudo aquilo que está mais abaixo da cadeia de importância para nossa vida. Essa nova hierarquia que Jesus Cristo estabelece nos obriga a dizer muitos “nãos”. Basta olhar para a nossa vida e perceber quanto tempo perdemos dando atenção ao que não importa. 

É esse risco de dar atenção ao que não importa que não queremos correr aqui na Lumine. Tudo que fazemos tem como único objetivo ajudar nossos espectadores a voltar seu olhar ao que realmente tem valor. 

Pode parecer inapropriado que um texto de uma empresa tenha a ousadia de falar da Semana Santa tão intimamente, porém, nossa vocação católica permite que façamos uma convocação muito especial. A Lumine é uma empresa que nasceu com um sonho que não é nem grande nem pequeno. Grande e pequeno são adjetivos necessários para mensurar as quantidades do mundo.

A Lumine nasceu com um sonho que não pode ser quantificado e que tudo a ver com a Semana Santa: inspirar os valores do catolicismo e aprofundar os dramas humanos através da beleza do cinema.

Nossa primeira produção já encarnava esse sonho. Na série Filhos de Cister — nosso primeiro conteúdo original — nós apresentamos a vida de uma pequena comunidade monástica que vivia sua vida voltada para Deus. O maior resultado dessa produção não foi em número de clientes, faturamento, lucro — vocabulário estéril, ainda que necessário para a condução de uma empresa. O maior resultado dela foram as vocações que a série despertou: assistindo a Filhos de Cister, algumas pessoas sentiram-se chamadas à vida monástica e estão lá até hoje.

Por isso o nosso sonho não é grande e nem pequeno. O nosso sonho é real desde a primeira vez em que colocamos o pé no mundo. Toda Semana Santa vem nos colocar novamente diante do nosso sonho e atestar que ele é o nosso verdadeiro chamado.

É por isso que você nunca verá o rosto de um político em nenhuma das nossas comunicações. Nem para criticar, nem para favorecer. Se fizéssemos isso, estaríamos traindo o nosso sonho. Se fizéssemos isso, estaríamos sendo como o povo que gritou para salvar Barrabás e condenar a Cristo. Por esperar uma revolução política, aquele povo precisava desesperadamente de um bode expiatório para seus anseios. A verdadeira ordem das coisas se apresenta para nós quando entendemos que não há bode expiatório nenhum. Quando compreendemos que, no lugar do bode expiatório, existe um Cordeiro inocente.

É para ele que devemos voltar o nosso olhar.

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