A quaresma é um período de reflexão e renovação espiritual. São José, o pai adotivo de Jesus, oferece um modelo inspirador para essa jornada. Neste artigo do Dominicano Joseph Martin Hagan, publicado no Dominicana Journal, são destacadas 5 maneiras pelas quais São José pode inspirar a nossa quaresma:
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Quando Jesus diz que é “o Pão da vida”, seus ouvintes murmuram entre si e perguntam: “Não é este Jesus, o filho de José?” (Jo 6,41-42). Aparentemente, eles consideravam José apenas um judeu comum — alguém que cumpria a lei mar era quase um “Zé ninguém”, por assim dizer. Com isso, podemos concluir que José não andava por Nazaré realizando milagres ou expondo-se. Em vez disso, ele vivia uma santidade revestida de simplicidade.
Todos os anos, na Quarta-feira de Cinzas, ouvimos: “Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles” (Mt 6,1). Nossa oração, jejum e esmola — seja na quaresma ou em qualquer outro tempo — devem ser guardados apenas para os olhos de Deus. No entanto, devemos também lembrar as palavras de Jesus no Sermão da Montanha: “Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles vejam as vossas boas obras, e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5,16).
A chave para viver esses dois pedidos de Jesus é a simplicidade. Quando agimos com simplicidade, não nos preocupamos com a nossa glória, mas buscamos apenas a glória de Deus, como São José sempre fez. Tal simplicidade é uma modéstia de alma, que guarda a intimidade que temos com Deus por meio da oração, do jejum e da esmola.
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No dia 1º de maio, celebramos a festa de São José Operário. Ele é um santo que sabe arregaçar as mangas e realizar um trabalho árduo. José nos lembra da dignidade do trabalho, muito bem citada na Gaudium et Spes:
“…oferecendo a Deus o seu trabalho, o homem se associa à obra redentora de Cristo, o qual conferiu ao trabalho uma dignidade sublime, trabalhando com as suas próprias mãos em Nazaré.” (GS 67)
A Quaresma é um bom momento para lembrar dessa dignidade do trabalho, imitando São José. Deus nos atrai a Si mesmo através de meios ordinários, como o simples ato de cumprir nossas tarefas. Não precisamos buscar atos extraordinários de penitência ou orações longas, especialmente se estes prejudicarem nossos deveres cotidianos. Portanto, antes de adicionarmos práticas extras, devemos redobrar nossa atenção ao trabalho que já temos diante de nós.
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Enquanto José nos mostra a dignidade do trabalho, vários episódios importantes da sua vida aconteceram enquanto ele dormia. Foi nesse estado que Deus lhe falou repetidamente por meio de sonhos.
Podemos distinguir dois tipos de descanso: o sono físico e o abandono espiritual a Deus. Ambos são cruciais para a santidade. O sono nos renova para mais um dia de trabalho e de amor. Basta perguntar à mãe de um recém-nascido sobre a importância do sono. O abandono aumenta nossa esperança na providência amorosa de Deus, fortalecendo nossa fé em tempos de provação e criando espaço para que o amor cresça.
O sono e o abandono à providência são duas maneiras de reconhecer nossos limites: precisamos de sono e precisamos de Deus. Podemos ver essa combinação no início do Salmo 126:
“Se o Senhor não edificar a casa,
em vão trabalham os que a constroem.
Se o Senhor não guardar a cidade,
em vão vigiam as sentinelas.
É inútil levantar-vos antes da aurora,
e atrasar até alta noite vosso descanso,
para comer o pão de um duro trabalho,
pois Deus dá aos seus amados até durante o sono“
Este salmo proclama a futilidade de virar noites em claro e o vazio dos santos [que se creem] autossuficientes. Este é um bom lembrete para a Quaresma, quando aumentamos a intensidade da oração, do jejum e da esmola. Estes não são exercícios da nossa pura força de vontade. Nossas práticas por si só não nos tornam santos. Deus nos torna santos. E, às vezes, Deus nos ordena descansar.
Lembremos das palavras de Moisés aos israelitas enquanto o Faraó os perseguia: “O Senhor combaterá por vós; e vós estareis em silêncio” (Ex 14,14). E das palavras de Isaías: “Se vos voltardes e vos deixardes estar em paz, sereis salvos; a vossa fortaleza estará no silêncio e na esperança” (Is 30,15).
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José era um grande homem, mas onde ele estaria sem sua família, sem Jesus e Maria? A santidade de José veio através de Jesus e Maria, por meio dos serviços que ele lhes prestava e das graças que deles recebia. Da mesma forma, Deus nos atrai a Si mesmo através daqueles que nos cercam. Não nos tornamos santos como indivíduos isolados, mas como membros de uma família ou de uma comunidade.
Com os pais liderando pelo exemplo e pela oração familiar, as crianças — e, na verdade, todos reunidos em família — encontrarão um caminho mais fácil para a maturidade humana, a salvação e a santidade (cf. GS 48).
A Quaresma é uma boa oportunidade para examinar nossos relacionamentos mais próximos. Quem precisamos perdoar? Quem precisamos amar mais? Nos falta gratidão? Estas são excelentes maneiras de dar “esmolas”.
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É claro que a família de José não é uma família comum. Jesus e Maria são incomparáveis.
Se compararmos nossas famílias à Sagrada Família, podemos ser tentados ao desânimo. Mas pela bondade de Deus, Jesus e Maria não são distantes, mas sim intimamente próximos de nós: Jesus é nosso salvador e irmão, e Maria é nossa mãe. José, por sua vez, pode nos ajudar a permanecer perto de Jesus e Maria, como ele fez durante toda a sua vida.
No final, todas as nossas práticas quaresmais se resumirão em simplesmente dizer um generoso “sim” a Jesus, assim como Maria o fez primeiro na Anunciação. Que Nossa Senhora e São José intercedam por nós e inspirem a nossa quaresma.
A quaresma é um período de reflexão e renovação espiritual. São José, o pai adotivo de Jesus, oferece um modelo inspirador para essa jornada. Neste artigo do Dominicano Joseph Martin Hagan, publicado no Dominicana Journal, são destacadas 5 maneiras pelas quais São José pode inspirar a nossa quaresma:
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Quando Jesus diz que é “o Pão da vida”, seus ouvintes murmuram entre si e perguntam: “Não é este Jesus, o filho de José?” (Jo 6,41-42). Aparentemente, eles consideravam José apenas um judeu comum — alguém que cumpria a lei mar era quase um “Zé ninguém”, por assim dizer. Com isso, podemos concluir que José não andava por Nazaré realizando milagres ou expondo-se. Em vez disso, ele vivia uma santidade revestida de simplicidade.
Todos os anos, na Quarta-feira de Cinzas, ouvimos: “Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles” (Mt 6,1). Nossa oração, jejum e esmola — seja na quaresma ou em qualquer outro tempo — devem ser guardados apenas para os olhos de Deus. No entanto, devemos também lembrar as palavras de Jesus no Sermão da Montanha: “Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que eles vejam as vossas boas obras, e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5,16).
A chave para viver esses dois pedidos de Jesus é a simplicidade. Quando agimos com simplicidade, não nos preocupamos com a nossa glória, mas buscamos apenas a glória de Deus, como São José sempre fez. Tal simplicidade é uma modéstia de alma, que guarda a intimidade que temos com Deus por meio da oração, do jejum e da esmola.
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No dia 1º de maio, celebramos a festa de São José Operário. Ele é um santo que sabe arregaçar as mangas e realizar um trabalho árduo. José nos lembra da dignidade do trabalho, muito bem citada na Gaudium et Spes:
“…oferecendo a Deus o seu trabalho, o homem se associa à obra redentora de Cristo, o qual conferiu ao trabalho uma dignidade sublime, trabalhando com as suas próprias mãos em Nazaré.” (GS 67)
A Quaresma é um bom momento para lembrar dessa dignidade do trabalho, imitando São José. Deus nos atrai a Si mesmo através de meios ordinários, como o simples ato de cumprir nossas tarefas. Não precisamos buscar atos extraordinários de penitência ou orações longas, especialmente se estes prejudicarem nossos deveres cotidianos. Portanto, antes de adicionarmos práticas extras, devemos redobrar nossa atenção ao trabalho que já temos diante de nós.
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Enquanto José nos mostra a dignidade do trabalho, vários episódios importantes da sua vida aconteceram enquanto ele dormia. Foi nesse estado que Deus lhe falou repetidamente por meio de sonhos.
Podemos distinguir dois tipos de descanso: o sono físico e o abandono espiritual a Deus. Ambos são cruciais para a santidade. O sono nos renova para mais um dia de trabalho e de amor. Basta perguntar à mãe de um recém-nascido sobre a importância do sono. O abandono aumenta nossa esperança na providência amorosa de Deus, fortalecendo nossa fé em tempos de provação e criando espaço para que o amor cresça.
O sono e o abandono à providência são duas maneiras de reconhecer nossos limites: precisamos de sono e precisamos de Deus. Podemos ver essa combinação no início do Salmo 126:
“Se o Senhor não edificar a casa,
em vão trabalham os que a constroem.
Se o Senhor não guardar a cidade,
em vão vigiam as sentinelas.
É inútil levantar-vos antes da aurora,
e atrasar até alta noite vosso descanso,
para comer o pão de um duro trabalho,
pois Deus dá aos seus amados até durante o sono“
Este salmo proclama a futilidade de virar noites em claro e o vazio dos santos [que se creem] autossuficientes. Este é um bom lembrete para a Quaresma, quando aumentamos a intensidade da oração, do jejum e da esmola. Estes não são exercícios da nossa pura força de vontade. Nossas práticas por si só não nos tornam santos. Deus nos torna santos. E, às vezes, Deus nos ordena descansar.
Lembremos das palavras de Moisés aos israelitas enquanto o Faraó os perseguia: “O Senhor combaterá por vós; e vós estareis em silêncio” (Ex 14,14). E das palavras de Isaías: “Se vos voltardes e vos deixardes estar em paz, sereis salvos; a vossa fortaleza estará no silêncio e na esperança” (Is 30,15).
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José era um grande homem, mas onde ele estaria sem sua família, sem Jesus e Maria? A santidade de José veio através de Jesus e Maria, por meio dos serviços que ele lhes prestava e das graças que deles recebia. Da mesma forma, Deus nos atrai a Si mesmo através daqueles que nos cercam. Não nos tornamos santos como indivíduos isolados, mas como membros de uma família ou de uma comunidade.
Com os pais liderando pelo exemplo e pela oração familiar, as crianças — e, na verdade, todos reunidos em família — encontrarão um caminho mais fácil para a maturidade humana, a salvação e a santidade (cf. GS 48).
A Quaresma é uma boa oportunidade para examinar nossos relacionamentos mais próximos. Quem precisamos perdoar? Quem precisamos amar mais? Nos falta gratidão? Estas são excelentes maneiras de dar “esmolas”.
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É claro que a família de José não é uma família comum. Jesus e Maria são incomparáveis.
Se compararmos nossas famílias à Sagrada Família, podemos ser tentados ao desânimo. Mas pela bondade de Deus, Jesus e Maria não são distantes, mas sim intimamente próximos de nós: Jesus é nosso salvador e irmão, e Maria é nossa mãe. José, por sua vez, pode nos ajudar a permanecer perto de Jesus e Maria, como ele fez durante toda a sua vida.
No final, todas as nossas práticas quaresmais se resumirão em simplesmente dizer um generoso “sim” a Jesus, assim como Maria o fez primeiro na Anunciação. Que Nossa Senhora e São José intercedam por nós e inspirem a nossa quaresma.
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