Com amor, Van Gogh
Por Leandro Costa
|
17.jun.2022
Midle Dot

Com amor, Van Gogh é um filme de animação que aborda a obra e o último ano de vida do grande artista holandês.

Na história, acompanhamos um jovem chamado Armand, que viaja pelas cidades onde Van Gogh viveu antes da morte. Armanda reconstrói os passos do pintor e passa a conhecer os conflitos que ele enfrentara.

Ao encontrar com as pessoas que eram próximas a Van Gogh, o jovem Armand começa a ficar intrigado com a morte misteriosa do artista, e então decide investigar as circunstâncias em que ela ocorrera.

Nesse percurso, acabamos envolvidos na investigação, mas também nos familiarizamos com os personagens que conviveram com o pintor e que foram retratados em seus quadros.

Homenagem ao artista

Idealizado pela artista plástica polonesa Dorota Kolbiela, Com amor, Van Gogh é o primeiro filme da história feito inteiramente a partir de pinturas a óleo.

Ao todo, o que vemos são mais de 64 mil pinturas animadas, realizadas por um time de 100 artistas diferentes. As pinturas foram sobrepostas às filmagens realizadas com atores e às animações criadas em 3D.

O estilo da animação reproduz o estilo de Van Gogh, o que transforma o filme em uma bela porta de entrada ao seu universo pictórico e imaginativo.

O objetivo de Kolbiela era justamente o de fazer uma homenagem ao pintor. Segundo a diretora, as cartas que Vincent escrevera ao seu irmão Theo foram fundamentais em sua vida pessoal e profissional, e por isso ela decidiu fazer um filme que fosse uma espécie de viagem ao mundo artístico e psicológico de Van Gogh.

O mundo de Van Gogh

A narrativa mescla a investigação do jovem Armand com flashbacks de alguns episódios da vida de Van Gogh nas cidades de Saint-Remy e Auveurs. Alguns episódios são verdadeiros, outros são fictícios, mas todos acontecem dentro de cenários retirados de seus quadros, com personagens que foram neles retratados.

Aos poucos, vamos conhecendo o mundo interior de Van Gogh. Embora a maior parte do que é narrado seja de episódios fictícios, o filme consegue captar bem o estado de espírito em que o pintor se encontrava no último ano de sua vida.

Como mencionado, o filme foi inspirado nas cartas que Vincent escrevia ao seu irmão Theo. E é por isso que a atmosfera da história reproduz o conteúdo das cartas: os pensamentos, os sentimentos e, sobretudo, a visão que Van Gogh tinha do mundo e da arte.

Uma vida trágica

A vida de Van Gogh não foi cheia de acontecimentos extraordinários nem de muitos momentos de felicidade. O último ano de sua vida — período que é retratado no filme — foi particularmente angustiante, pois o pintor precisou lutar com as dificuldades econômicas, com a loucura e com os constantes ataques nervosos que o afligiam.

Além disso, Vincent era um homem solitário, que encontrou a sua vocação num período já de maturidade, e muitos dos seus projetos — principalmente o de criar uma comunidade de artistas na província junto com o pintor Paul Gauguin — acabaram por frustrar-se.

A pintura era o seu refúgio, aquilo que conferia sentido à sua vida. Mesmo lutando com a solidão e a loucura, o pintor holandês atingiu um nível de excelência que é muito raro na arte. Dialogando com a pintura do seu tempo e, ao mesmo tempo, se distanciando dela, Van Gogh criou uma obra original que é reconhecidamente uma das mais importantes da história.

A visão vitalizante

O que há de original na pintura de Van Gogh é o que ele chamava de “afirmação da vida”. Os seus quadros não tinham o objetivo apenas de reproduzir um motivo ou um tema, mas também de transformá-los por meio de um uso muito original da cor e do movimento; é como se a imaginação do pintor conferisse uma “nova vida” às pessoas e aos objetos retratados.

Há um trecho da Carta ao Lord Chandos, de Hugo Von Hoffmansthal, que serve muito bem para descrever como o poder da imaginação de Van Gogh era impresso em suas telas. Diz o escritor alemão:

“Um regador, um rastelo esquecido no campo, um cão ao sol, um pobre cemitério, tudo isto pode tornar-se recipiente da minha inspiração. Cada um destes objetos e outros mil semelhantes — que, em geral, com natural indiferença, passam despercebidos aos olhos — podem subitamente para mim, em qualquer momento, que de maneira nenhuma está no meu poder provocar, tomar uma forma sublime e enternecedora”.  

É exatamente isto que ocorre com os elementos retratados nos quadros de Van Gogh: coisas que, em geral, “passam despercebidas aos olhos” adquirem “uma forma sublime e enternecedora”. Seus retratos e suas paisagens convidam a uma nova percepção da realidade. Mais cheia de movimento, de cor e de imaginação.

O filme consegue captar essa “visão vitalizante” e expressar a paixão de Van Gogh pela arte. O recurso da animação — que dá vida aos personagens das telas — contribui para dialogar com as ideias que o próprio artista tinha a respeito da pintura.

Assim, com um uma bela trilha sonora e uma edição de som extremamente sensível, Com amor, Van Gogh nos convida a revisitar essa obra que é um dos verdadeiros tesouros que nos foram legados pela arte e pelo espírito humano.

***

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Com amor, Van Gogh é um filme de animação que aborda a obra e o último ano de vida do grande artista holandês.

Na história, acompanhamos um jovem chamado Armand, que viaja pelas cidades onde Van Gogh viveu antes da morte. Armanda reconstrói os passos do pintor e passa a conhecer os conflitos que ele enfrentara.

Ao encontrar com as pessoas que eram próximas a Van Gogh, o jovem Armand começa a ficar intrigado com a morte misteriosa do artista, e então decide investigar as circunstâncias em que ela ocorrera.

Nesse percurso, acabamos envolvidos na investigação, mas também nos familiarizamos com os personagens que conviveram com o pintor e que foram retratados em seus quadros.

Homenagem ao artista

Idealizado pela artista plástica polonesa Dorota Kolbiela, Com amor, Van Gogh é o primeiro filme da história feito inteiramente a partir de pinturas a óleo.

Ao todo, o que vemos são mais de 64 mil pinturas animadas, realizadas por um time de 100 artistas diferentes. As pinturas foram sobrepostas às filmagens realizadas com atores e às animações criadas em 3D.

O estilo da animação reproduz o estilo de Van Gogh, o que transforma o filme em uma bela porta de entrada ao seu universo pictórico e imaginativo.

O objetivo de Kolbiela era justamente o de fazer uma homenagem ao pintor. Segundo a diretora, as cartas que Vincent escrevera ao seu irmão Theo foram fundamentais em sua vida pessoal e profissional, e por isso ela decidiu fazer um filme que fosse uma espécie de viagem ao mundo artístico e psicológico de Van Gogh.

O mundo de Van Gogh

A narrativa mescla a investigação do jovem Armand com flashbacks de alguns episódios da vida de Van Gogh nas cidades de Saint-Remy e Auveurs. Alguns episódios são verdadeiros, outros são fictícios, mas todos acontecem dentro de cenários retirados de seus quadros, com personagens que foram neles retratados.

Aos poucos, vamos conhecendo o mundo interior de Van Gogh. Embora a maior parte do que é narrado seja de episódios fictícios, o filme consegue captar bem o estado de espírito em que o pintor se encontrava no último ano de sua vida.

Como mencionado, o filme foi inspirado nas cartas que Vincent escrevia ao seu irmão Theo. E é por isso que a atmosfera da história reproduz o conteúdo das cartas: os pensamentos, os sentimentos e, sobretudo, a visão que Van Gogh tinha do mundo e da arte.

Uma vida trágica

A vida de Van Gogh não foi cheia de acontecimentos extraordinários nem de muitos momentos de felicidade. O último ano de sua vida — período que é retratado no filme — foi particularmente angustiante, pois o pintor precisou lutar com as dificuldades econômicas, com a loucura e com os constantes ataques nervosos que o afligiam.

Além disso, Vincent era um homem solitário, que encontrou a sua vocação num período já de maturidade, e muitos dos seus projetos — principalmente o de criar uma comunidade de artistas na província junto com o pintor Paul Gauguin — acabaram por frustrar-se.

A pintura era o seu refúgio, aquilo que conferia sentido à sua vida. Mesmo lutando com a solidão e a loucura, o pintor holandês atingiu um nível de excelência que é muito raro na arte. Dialogando com a pintura do seu tempo e, ao mesmo tempo, se distanciando dela, Van Gogh criou uma obra original que é reconhecidamente uma das mais importantes da história.

A visão vitalizante

O que há de original na pintura de Van Gogh é o que ele chamava de “afirmação da vida”. Os seus quadros não tinham o objetivo apenas de reproduzir um motivo ou um tema, mas também de transformá-los por meio de um uso muito original da cor e do movimento; é como se a imaginação do pintor conferisse uma “nova vida” às pessoas e aos objetos retratados.

Há um trecho da Carta ao Lord Chandos, de Hugo Von Hoffmansthal, que serve muito bem para descrever como o poder da imaginação de Van Gogh era impresso em suas telas. Diz o escritor alemão:

“Um regador, um rastelo esquecido no campo, um cão ao sol, um pobre cemitério, tudo isto pode tornar-se recipiente da minha inspiração. Cada um destes objetos e outros mil semelhantes — que, em geral, com natural indiferença, passam despercebidos aos olhos — podem subitamente para mim, em qualquer momento, que de maneira nenhuma está no meu poder provocar, tomar uma forma sublime e enternecedora”.  

É exatamente isto que ocorre com os elementos retratados nos quadros de Van Gogh: coisas que, em geral, “passam despercebidas aos olhos” adquirem “uma forma sublime e enternecedora”. Seus retratos e suas paisagens convidam a uma nova percepção da realidade. Mais cheia de movimento, de cor e de imaginação.

O filme consegue captar essa “visão vitalizante” e expressar a paixão de Van Gogh pela arte. O recurso da animação — que dá vida aos personagens das telas — contribui para dialogar com as ideias que o próprio artista tinha a respeito da pintura.

Assim, com um uma bela trilha sonora e uma edição de som extremamente sensível, Com amor, Van Gogh nos convida a revisitar essa obra que é um dos verdadeiros tesouros que nos foram legados pela arte e pelo espírito humano.

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